Por Alexandre Rosendo - Editor do blog Solidariedade à Coreia Popular
No dia 21 de dezembro de 2011, um colunista da Revista Veja, Reinaldo Azevedo, publicou uma coluna com o título “PCdoB supera o melhor site de humor da política brasileira”. Em tal coluna, são feitos ataques de cunho sarcástico ao PCdoB (Partido Comunista do Brasil) por conta de sua nota de condolência à morte do Dirigente Kim Jong Il. Apesar de já esperarmos ataques de cunho reacionário, por serem veiculados no maior meio de comunicação fascista do Brasil, não esperávamos, entretanto, tamanho baixo nível e tamanha falta de conhecimento por parte do pseudo-intelectual Reinaldo Azevedo. Vejamos:
“O elogio feito pelo partido
brasileiro a Kim Jong-Il, ditador da Coréia do Norte morto no sábado, deixa no
chinelo qualquer ironia, qualquer galhofa, qualquer piada. Esquerdistas mundo
afora já disseram quase tudo da Coréia do Norte, mas a ninguém ocorreu chamar
aquele país de “próspero” ou afirmar que a ditadura comunista tentou a
reunificação das duas Coréias, lutando pela paz.”
Ou seja, pela interpretação do
colunista (sic!) Reinaldo Azevedo, é “irônico” dizer que a “ditadura comunista”
luta pela paz e pela reunificação da Península Coreana. Sob a pena de o mesmo ter
ataque cardíaco por conta da história que se desenvolveu independente do que
ele ou qualquer outra pessoa pense, ensinemo-la, pois:
“Há cinco anos, os soldados soviéticos, combatentes do
exército de libertação, penetraram no território da península coreana
derrotando em seu avanço as divisões de elite do exército de Kuantung. Quinze
de agosto de 1945 ficou assinalado como o grande dia de libertação da Coréia.
Durante a sua multi-secular historia, a Coréia foi, por varias vezes, invadida
por forças inimigas. Mas habitualmente invadiam a terra coreana usurpadores que
atentavam contra a liberdade e a independência de nosso país. E eis que pela
primeira vez na sua historia o povo coreano teve oportunidade de se achar na
presença de soldados libertadores, e não escravizadores. Os coreanos foram oprimidos,
durante cerca de quarenta anos, pelos imperialistas japoneses, que os privaram
de liberdade e dos direitos políticos elementares. Proibia-se ao povo coreano a
criação de partidos e organizações democráticas. Sob o ponto de vista econômico
a Coréia fora transformada em apêndice fornecedor de matérias primas da
indústria japonesa. Os japoneses exploravam avidamente todas as riquezas
naturais. O povo vivia na indigência e na ignorância. Quase quatro quintos de
toda a população da Coréia eram constituídos de analfabetos.
Apesar disso, tal euforia não iria durar muito. O proletariado
coreano, que no decorrer de sua Revolução ia erguendo seu novo governo
democrático-popular, tendo os comitês populares como forma de exercer seu poder
político, se vê tendo que confrontar uma nova luta de libertação. No início de
setembro de 1945, os Estados Unidos ocupam a parte sul da Península Coreana e
formam lá um regime fantoche pró-imperialista. Os norte-americanos dissolvem à
força os comitês populares e prendem, fuzilam, torturam etc. as lideranças
patrióticas, democráticas e revolucionárias, tão importantes na guerra libertadora
contra o Japão. Dissolvem partidos políticos, sindicatos e organizações
democráticas. Arrastam à força jovens estudantes para morrerem numa nova guerra
aventureira e imperialista contra a República Popular Democrática da Coreia.
Começa o drama da divisão nacional que dura até nossos dias.
2) Conquistar a unidade baseada no patriotismo e no espírito de
independência nacional. Ou seja, independente de abordagens particularistas.
3 ) Coexistência, coprosperidade e interesses comuns.
4) Fim de todas as batalhas políticas que promovam a divisão e o
enfrentamento entre os compatriotas.
5) Confiança mútua, fim do medo da agressão mútua e fim da perspectiva da “vitória sobre o comunismo” ou a “comunistização”.
6) Democracia.
7) Reconhecer as propriedades estatais, cooperativistas e privadas
e proteger o capital e os bens individuais e coletivos, e as concessões comuns
ao capital estrangeiro.
8) Compreensão e confiança mútua mediante contatos, viagens e diálogos entre os agentes sociais de ambos os lados.
9 ) Solidariedade e maior unidade entre a população do Norte, no
Sul e exterior para lograr a reunificação.
10) Reconhecimento especial àqueles que contribuíram com a luta
pela grande unidade nacional e pela reunificação da Pátria”
No dia 21 de dezembro de 2011, um colunista da Revista Veja, Reinaldo Azevedo, publicou uma coluna com o título “PCdoB supera o melhor site de humor da política brasileira”. Em tal coluna, são feitos ataques de cunho sarcástico ao PCdoB (Partido Comunista do Brasil) por conta de sua nota de condolência à morte do Dirigente Kim Jong Il. Apesar de já esperarmos ataques de cunho reacionário, por serem veiculados no maior meio de comunicação fascista do Brasil, não esperávamos, entretanto, tamanho baixo nível e tamanha falta de conhecimento por parte do pseudo-intelectual Reinaldo Azevedo. Vejamos:
A Coreia, após 1905, passou a
ficar sob o protetorado japonês. Com a anexação em 1910, o país torna-se
oficialmente uma colônia e deixa de existir enquanto Coreia, passando a ser
parte do Império Japonês. Após uma luta armada liderada pelo Exército Popular
da Coreia, tendo o revolucionário Kim Il Sung à frente, em agosto de 1945 a
Coreia conquista sua independência através da expulsão conjunta dos japoneses
pelo Exército Popular da Coreia e pelo Exército Vermelho da URSS (que entra na
Coreia algumas horas após declarar guerra contra o Japão). A Coreia, que há décadas viu sua soberania
arrematada pelas potências estrangeiras, por fim, após uma sangrenta guerra de
libertação, conquista sua independência. Sobre tal acontecimento, Kim Il Sung
diz:
[...]
Quinze de agosto de 1945 foi o dia da libertação de nossa terra
sofredora o dia da mais grandiosa felicidade de nosso povo. Essa data é
solenemente comemorada, todos os anos, na Coréia. Surgiram novas fábricas e
novas usinas, construíram-se novos clubes e novas escolas. Por toda parte — nas
cidades e nas aldeias — o povo conhecia uma vida nova e feliz que se
manifestava em sua intensa alegria.”
Após o fim da Guerra da Coreia, um dos pontos levantados no
Tratado de Armistício assinado em Pan Mun Jon, em 27 de julho de 1953, era de
retirar todas as tropas estrangeiras da Península Coreana para que as duas
partes (norte e sul) da Coreia pudessem se reunificar pacificamente. Até fins
de 1958, a China retira suas tropas do Norte da Coreia, ao passo que os Estados
Unidos as mantêm no Sul da península até os dias de hoje. Vemos, pois, que o
“agressor” da História não parece ser a Coreia do Norte, mas sim os
militaristas norte-americanos.
A política invariável defendida pela República Popular Democrática
da Coreia no que tange à reunificação da Pátria pode ser sintetizada na obra de
Kim Il Sung no seu texto “Programa de Dez Pontos para a Reunificação da
Pátria”:
“1) Fundar um Estado Unificado independente, pacífico e neutro
mediante a grande unidade pan-nacional. A estrutura desse Estado seria
confederativa com igual participação dos governos regionais do Norte e do Sul,
e um Estado neutro, independente, pacífico e não-alinhado que não se incline a
nenhuma potência.
5) Confiança mútua, fim do medo da agressão mútua e fim da perspectiva da “vitória sobre o comunismo” ou a “comunistização”.
8) Compreensão e confiança mútua mediante contatos, viagens e diálogos entre os agentes sociais de ambos os lados.
Testemunhamos, portanto, que nada há de irônico em dizer que a
República Popular Democrática da Coreia luta pela paz e pela reunificação
nacional. Ao contrário, é um fato objetivo que se acontece independente do que
pense o senhor Reinaldo Azevedo. É muito vergonhoso, entretanto, que o mesmo
pense que possa contagiar seus leitores e outras pessoas com sua ignorância
sobre a história da Coreia. Da nossa parte, lançamos nossos maiores protestos.