quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Manuela D`Ávila contraria o próprio partido e faz coro com a imprensa burguesa ao atacar a Coréia socialista


A morte do dirigente socialista coreano, Kim Jong-Il, foi recebida com muitos pesares pelas forças revolucionárias e progressistas em todo o mundo, inclusive no Brasil. O Partido Comunista Marxista-Leninista (PCML-Brasil) e o Partido Comunista do Brasil (PCdoB), lançaram notas de solidariedade ao povo coreano pela morte de seu principal dirigente, desencadeando uma onda de ataques da burguesia, que através da mídia, lançam acusações de todo o tipo, buscando desacreditar tanto os socialistas brasileiros quanto os coreanos. Entre os comunistas que sofreram ataques diretos está a Deputada Federal e pré-candidata à prefeitura de Porto Alegre, Manuela D`Ávila, que, ao invés de assumir o seu compromisso com o socialismo e com o partido no qual milita (PCdoB), tomou uma posição covarde e lançou uma nota que, além de descredibilizar o próprio partido, faz coro com a mídia burguesa pró-imperialista e suas mentiras sobre a suposta "ditadura comunista hereditária norte-coreana". A nota foi divulgada em seu perfil no Twitter e republicada em seu site. Eis a mesma na íntegra:

1) Partidos também são espaços em que militantes divergem. Me parece absolutamente natural.
2) Eu não concordo com a integralidade da nota de meu partido sobre a Coréia.
3) Respeito a auto-determinação dos povos e suas culturas. Mas não tolero hereditariedade no poder e defendo a irrestrita liberdade dos povos
3) Há dois dias (19) me manifestei sobre isso aqui no twitter.
4) Espero, sinceramente, o mesmo tratamento a todos os políticos de Porto Alegre e a seus partidos. Acompanharei atenta.


Dep. Manuela D`Ávila



O conteúdo da nota

"1) Partidos também são espaços em que militantes divergem. Me parece absolutamente natural.
2) Eu não concordo com a integralidade da nota de meu partido sobre a Coréia."

A deputada tem todo o direito de pensar diferente do seu próprio partido, no entanto, o lugar de apresentar essas divergências não é em público. Já diz aquele velho ditado que "roupa suja a gente lava em casa". O próprio estatuto do partido deixa isso bem claro ao falar dos direitos de seus militantes (Artigo 6º, parágrafo 1º):

"a) participar, expressando livremente as suas opiniões, da elaboração da linha política do Partido e das discussões acerca das questões políticas, teóricas e práticas nas instâncias partidárias de que fizer parte; manter suas opiniões, se divergentes, sem deixar de aplicar, defender e difundir as decisões do Partido."

"3) Respeito a auto-determinação dos povos e suas culturas. Mas não tolero hereditariedade no poder e defendo a irrestrita liberdade dos povos"

Ao dizer para os quatro cantos do mundo que é socialista e ter crescido na política (até o ponto de ser deputada) dentro de um partido comunista, não faz mais do que a obrigação ao respeitar a auto-determinação dos povos. O contraditório é conhecer estes povos através das imagens distorcidas criadas pelos seus inimigos imperialistas e reproduzidas pelos lacaios nacionais (Globo, Folha de SP, etc.), compartilhando em público o mesmo discurso liberal dos nossos inimigos de classe.

A lei coreana não prevê nenhum tipo de hereditariedade no poder estatal do país. Kim Jong-Un, assume o posto máximo da nação coreana do mesmo jeito que seu pai (Kim Jong-Il) assumiu depois da morte de Kim Il Sung (pai de Kim Jong-Il), por meio de manobras políticas perfeitamente aceitáveis no jogo democrático.

Além disso, todos os representantes do poder na Coréia socialista são eleitos de forma direta ou indireta. Basicamente o povo elege os parlamentares, membros da Assembléia Popular Suprema, e essa Assembléia elege e supervisiona os principais cargos políticos da nação, entre eles o chefe do Comitê de Defesa Nacional (cargo antes ocupado por Kim Jong-Il), que junto do premier e do próprio presidente da APS, constituem o triunvirato do poder na Coréia socialista.

Dentro até mesmo dos moldes liberais, não há nada que indique qualquer tipo de ausência de liberdade popular por causa da forma de escolha dos dirigentes do país. Boa parte das nações européias, apontadas pela mídia como exemplos de democracia, escolhem seus dirigentes máximos de forma indireta, através de eleições dos orgãos legislativos. Kim Jong-Il e agora Kim Jong-Un, são apenas integrantes (escolhidos pelo povo) da imensa estrutura de poder e ganham toda essa importância por causa da política Songun e do constante estado de guerra imposto pelos países imperialistas à nação socialista. A grande diferença entre as monarquias parlamentares ocidentais (nessas sim, a hereditariedade tem força de acordo com a lei) e o Estado socialista coreano é que no último a democracia é verdadeira, vai além das formalidade e é garantida através das bases populares de trabalhadores e camponeses, alicerces do poder popular.

"3) Há dois dias (19) me manifestei sobre isso aqui no twitter." (na verdade 4)

Como membro do comite central do PCdoB deveria ter se manifestado junto ao partido e não numa rede social. Como comunista, deveria ter estudado a questão antes de reproduzir as mentiras da mídia burguesa. Como representande eleita pelo povo brasileiro, deveria estar preocupada com a solidariedade aos povos vítimas do imperialismo e não com as críticas da imprensa burguesa sobre a sua pessoa.

Perdeu uma boa oportunidade de não digitar nada...

"4) Espero, sinceramente, o mesmo tratamento a todos os políticos de Porto Alegre e a seus partidos. Acompanharei atenta." (na verdade 5)

Bom, essa é a parte mais preocupante, na qual a máscara cai. Nessas poucas linhas não há qualquer tipo de sentimento de solidariedade à liberdade dos povos, mas sim uma justificativa diante dos ataques da imprensa. Uma clara concessão de princípios para garantir um cargo político em 2012. Essa mesma atenção dada aos ataques da imprensa à imagem da deputada poderia ser deslocada para o estudo do marxismo-leninismo e dos países socialistas.

A responsabilidade dos partidos diante dos seus militantes
Sobre essa questão deveriam refletir os membros do PCdoB e os comunistas brasileiros de diversas organizações. Sempre haverá problemas referentes à disciplina revolucionária, por mais forte e ideológica que seja a organização (nem a Revolução de Outubro foi consensual entre os comunistas russos), mas esse não foi um caso isolado, é reflexo de uma situação maior que precisa ser discutida de maneira sincera enquanto há tempo para corrigir os erros. Não é a primeira vez que um membro do PCdoB vai contra a história do partido. O próprio Aldo Rebelo, hoje ministro dos esportes, foi contra a criação da Comissão da Verdade, responsável por investigar os crimes cometidos durante a Ditadura Militar. O PC do Chile também foi vítima de "quinta-colunismo" por parte de uma figura pública (clique aqui para mais informações), o que comprova que nesse momento de crise do sistema capitalista e avanço da esquerda na América Latina, muitos dos que estão ao nosso lado sucumbirão diante da pressão dos inimigos do povo, que será cada vez mais constante diante da "ameaça comunista".

Muitas organizações com passado revolucionário caíram diante do "canto da sereia do capital" justamente por abrir mão de seus princípios em pról de pequenos avanços pragmáticos, geralmente voltados para as eleições. Isso torna imperativa uma revisão interna por parte dos partidos comunistas que estão tendo problemas com suas figuras públicas. Como os quadros são formados? Qual o poder que os mesmos ganham ao se tornarem figuras públicas? Vale apena abrir mão da sua essência para adquirir pequenos avanços táticos? Muitas perguntas que precisam ser respondidas...

Não sou um membro do PCdoB e por mais discordâncias que eu possa ter, sou daqueles que preferem construir o seu ao falar mal dos outros, principalmente quando esse "falar mal" representa o aprofundamento da divisão entre os comunistas e o fortalecimento da mídia, que faz de tudo para satanizar qualquer luta popular, porém, a Deputada Manuela, enquanto figura comunista pública (assim como qualquer outro que chame para si a bandeira vermelha), não deve explicações apenas aos membros do seu partido, mas sim a todos os brasileiros que sempre foram solidários com a sua luta e aos comunistas de todo o mundo.

A declaração da Manuela, assim como da Camila (do PC do Chile) vieram em péssimos momentos, pois ambos os partidos têm sido alvos de constantes ataques em seus países. Esperávamos, sinceramente, outras posturas das "camaradas"...

Que a deputada tenha a honra de fazer uma autocrítica e reflita sobre algumas palavras escritas pelos pais do socialismo científico:

"Os comunistas não se rebaixam a dissimular suas opiniões e seus fins." (MARX, Karl e. ENGELS, Friederich. Manifesto Comunista. 1848)


Pela união dos comunistas do Brasil e do mundo, principalmente através dos princípios da revolução e da solidariedade entre os povos!

Aos socialistas a união, aos traídores a depuração!
Abaixo o "quinta-colunismo"!
Abaixo a mídia pró-imperialista!
Viva a Revolução Coreana!
Camarada Kim Jong-Il, presente!


Diego Grossi, colaborador do blog.