Publicamos abaixo entrevista realizada pela KFA - Brasil com o Centro de Estudos da Ideia Juche - Brasil. A entrevista foi respondida por Gabriel Martinez, Secretário-Geral do CEIJ - Brasil
Entrevista ao membros do CEIJ|KFA
Estiveram recentemente em visita à Coréia Socialista, para celebração dos 100 anos do nascimento do Eterno presidente Kim Il-Sung os membros e fundadores do CEIJ (Centro de Estudos da Ideia Juche) e também membros da KFA(Associação para Amizade Coreana), mantenedores de blog em solidariedade à DPRK e ativistas políticos. Segue abaixo entrevista criada pela KFA com perguntas de alguns membros.
1 – Para os que nunca puderam visitar a Coreia Socialista, qual foi a primeira diferença notável em relação aos países de sistema capitalista? (Rogério S. – DF)
Gabriel Martinez: A primeira diferença que notei quando visitei a Coreia Popular é o seu elevado grau de organização. Também é impossível ver na RPDC fenômenos considerados normais em países capitalistas, como a existência de moradores de rua, crianças abandonadas pedindo esmola nos faróis, etc. As ruas das cidades também são extremamente limpas. Pyongyang parece um gigantesco parque. A participação das massas populares nos assuntos do estado e a constante mobilização popular é também algo notável.
2 – Como é o recebimento da população para com estrangeiros? Há muito interesse no Brasil? (Emanuel – Rio de Janeiro)
Gabriel Martinez: No geral, quando as pessoas veem algum estrangeiro reagem com curiosidade, ficam olhando, uma reação um pouco parecida quando ocidentais visitam alguns lugares da China. Todos os norte-coreanos que tive a oportunidade de conhecer possuem enorme curiosidade em relação ao Brasil, principalmente em relação ao Futebol.
3 – O que a RDPC pensa atualmente sobre a antiga União Soviética? Como eles enfrentam o tema das tentativas tanto internacionais quanto propriamente russas de uma possível recriação da URSS? (Fernando Gaebler – São Paulo)
Gabriel Martinez: Os norte-coreanos criticam abertamente o revisionismo soviético que dominou completamente o PCUS após a morte de Stálin e consideram a queda da URSS uma tragédia para o movimento comunista internacional. Mesmo assim, mantém excelentes relações com o atual governo russo.
4 – Durante a estadia no país, puderam notar alguma referência ao nosso país e ao movimento comunista por aqui? (Emanuel – Rio de Janeiro)
Gabriel Martinez: Infelizmente não notei nenhuma referência ao movimento comunista aqui no Brasil, a não ser quando perguntaram sobre a situação política em nosso país.
5 – O que a Coréia Socialista pode oferecer perante a sociedade brasileira, quanto no desenvolvimento da Idéia Juche em solo brasileiro? (Fernando Gaebler – São Paulo)
Gabriel Martinez: Um dos principais ensinamentos da Ideia Juche é o de que a revolução só avança se ela se apoia prioritariamente na força das massas populares do país. O socialismo no Brasil será obra do próprio povo brasileiro, levando em consideração suas particularidades nacionais. Isso vale para todos os povos do mundo. Obviamente, a Ideia Juche não nega a articulação do Movimento Comunista Internacional e a colaboração entre partidos e povos revolucionários que lutam pelo socialismo.
6 – A DPRK celebra, neste ano, 100 anos do nascimento do Eterno Presidente Kim Il-Sung, e como uma das celebrações, foi programado o lançamento de um satélite de comunicações. A população em geral mostrou grande interesse pela questão do programa espacial, mesmo após a falha ocorrida? (Emanuel – Rio de Janeiro)
Gabriel Martinez: Sim, os norte-coreanos tinham completa noção de que seria extremamente difícil que o satélite entrasse em órbita. O importante do lançamento foi que ele demonstrou que a Coreia Popular seguirá o seu caminho independente, mesmo que isso incomode as nações imperialistas capitaneadas pelos Estados Unidos.
7 – Participaram de alguma atividade relacionada ao estudo da Ideia Juche? (Luís Gustavo – Bahia)
Gabriel Martinez: Nós participamos do Congresso Mundial da Ideia Juche, realizado em Pyongyang, capital da RPD da Coreia. O Congresso contou com a participação de comunistas de todas as partes do mundo. Em breve vamos disponibilizar as intervenções dos delegados que participaram do Congresso no Blog de Solidariedade à Coreia Popular.
8 – Como se posiciona internamente a Coreia(o povo em geral também) em relação à crescente tensão internacional na ofensiva do capitalismo-sionista. Com relação à destruição, através de Guerra Civil da Líbia Jahmahirya de Khadafi, a campanha contra a Síria e escalada de tensão contra o Irã? (Fernando Gaebler – São Paulo)
Gabriel Martinez: A RPDC se opõe totalmente a todas as tentativas agressivas do imperialismo em desestabilizar nações, independente do motivo. O governo da RPDC avalia que o governo da Líbia errou em fazer concessões ao imperialismo, abandonando o seu programa nuclear. Sobre a Síria, as relações entre o governo de Bashar Al Asad e o governo da RPDC são ótimas. A RPDC se opõe totalmente as tentativas do imperialismo em desestabilizar a Síria.
9 – Participaram de algum seminário/palestra especial pela celebração dos 100 anos de Kim Il-Sung? (Emanuel – Rio de Janeiro)
Gabriel Martinez: O Congresso Mundial da Ideia Juche foi realizado para comemorar o Centenário do nascimento do Presidente Kim Il Sung. No dia 15 de Abril, dia do aniversário do Presidente Kim Il Sung, assistimos o Desfile Militar onde o camarada Kim Jong Um discursou pela primeira vez.
10 – Como vão os assuntos acerca de uma possível reunificação da Coréia? (Fernando Gaebler – São Paulo)
Gabriel Martinez: Atualmente, com o governo pró-imperialista de Lee Myung Bak (Coreia do Sul), as conversas sobre a reunificação do país entre os dois governos estão praticamente paralisadas. O governo fantoche de Lee Myung Bak se caracteriza pelo aumento da repressão contra os sul-coreanos que lutam pela reunificação.
11 – Enquanto na DPRK, puderam se encontrar com algum membro da KFA de outro país, ou mesmo do Brasil? E com o Sr. Alejandro Cao de Benos, presidente da KFA? Foi realizada alguma confraternização de estrangeiros no país? (Emanuel – Rio de Janeiro)
Gabriel Martinez: Nos encontramos com vários membros da KFA, mas não tivemos oportunidade de conversar com Alejandro Cao de Benos, que provavelmente estava muito ocupado participando de atividades estatais de comemoração ao aniversário do Presidente Kim Il Sung.
12 – A Coréia Socialista, tem se demonstrado, efetivamente, uma força revolucionária e também possibilidade de uma reconstrução do mundo socialista? Há realmente uma possibilidade da Coréia se tornar uma "nova China", quanto à possibilidade de um processo de reforma econômica e abertura? (Fernando Gaebler – São Paulo)
Gabriel Martinez: Que a Coreia Popular é um país socialista, revolucionário, os fatos estão aí para comprovar. A Coreia Popular não acha que ela sozinha construirá o “mundo socialista”. Para isso é necessário que os povos de todos os países se coloquem no caminho da luta contra o capitalismo e o imperialismo, só assim um mundo socialista poderá surgir. Sobre a Coreia se tornar uma “nova China”, creio que não. A RPDC, mesmo mantendo excelentes relações com o PC da China e o governo da República Popular da China, nega com veemência o caminho da chamada “Reforma” e “Abertura”. Estão cientes que a restauração das relações de produção capitalistas e a liberalização burguesa significam o fim do socialismo.
13 – Há estudos formais de filosofia em outro campos, perpassando os vários momentos históricos, filosofias, doutrinas e ideologias a fim de se formar uma compreensão ampla ou apenas os estudos de filosofia se baseiam nos estudos da Ideia Juche e do marxismo-leninismo? (Fernando Gaebler – São Paulo)
Gabriel Martinez: Sim, nas universidades de filosofia do país se estuda toda a história da filosofia e diversos autores de diversas épocas. Mas, como se trata de um país socialista, óbvio que dão uma grande ênfase ao estudo de autores revolucionários como Marx, Engels, Lenin, Stalin e Kim Il Sung e Kim Jong Il.