domingo, 24 de abril de 2011

As relações entre o PT e o Partido do Trabalho da Coréia e os lamentos de um social-democrata.


O texto é antigo e foi publicado no portal do Partido dos Trabalhadores em 24/06/2009, com a pretensão de ser uma resposta bem fundamentada a um texto do então secretário de Relações Internacionais do PT, Valter Pomar, que havia visitado a RPD da Coréia. O texto foi escrito por um militante petista do Rio de Janeiro chamado Vinicius Wu e está carregado de preconceitos ideológicos típicos daqueles que adoram falar sobre o que desconhecem. 

Sabemos que, quando o assunto é a Coréia, muitos adoram dar o seu palpite, mas poucos sabem o que realmente se passa no país.


Vinicius Wu começa o texto perguntando quais as razões que teriam levado o PT a estabelecer relações com a Coréia do Norte, que segundo ele seria um “regime proto-fascista”. O temor de Vinicius Wu em ver o seu querido partido mantendo relações, mesmo que mínimas, com um “governo totalitário” chega a ser risível, lembrando-nos o antigo temor que os políticos burgueses nutriam em relação à antiga União Soviética e a “terrível” China comunista.

Como se não bastasse, o autor do texto, ou mostrando a total falta de conhecimento do que acontece na península coreana, ou quem sabe apenas reproduzindo o que os meios de comunicação do imperialismo propagam, diz que Kim Jong Il “patrocina uma corrida armamentista na península” e que “contraria a comunidade internacional”. 

Sentimos muito caro Wu, mas não é porque vocês social-democratas subestimam o papel agressor do imperialismo e adoram ser bem vistos pelo mesmo, que os coreanos precisam agir da mesma maneira. Os coreanos não confundem as vontades da “comunidade internacional” com as vontades do imperialismo e precisam se defender de suas ameaças reais.

Óbvio que para liberais de diversos matizes, e aí incluímos você Vinicius Wu, os norte-coreanos se “isolaram” do mundo ocidental por vontade própria e que os gastos que o governo possui com assuntos militares, principalmente na área de defesa, são meros caprichos do “ditador” Kim Jong Il, comunista malvado que come criancinhas e que quer dominar o mundo com suas bombas atômicas. 

Lembrando que o imperialismo sabe muito bem se aproveitar das ingenuidades alheias. Subestimar o caráter agressor do imperialismo é uma especialidade de certos setores de uma chamada “esquerda” brasileira.

Sabemos que as opiniões de Sr.Wu não são as opiniões oficias do PT e que nem todos os militantes de seu partido compartilham de suas opiniões reacionárias, mas por acaso o Sr.Wu conhece alguma coisa sobre a história da Coréia e o seu partido revolucionário, ou seja, o Partido do Trabalho da Coréia?

Se o Sr.Wu não se identifica com as lutas travadas pelo povo coreano, sob a direção do PTC, em especial a Luta Anti-Japonesa e a Guerra Nacional contra os EUA então podemos concluir que sob o disfarce de um democrata defensor dos direitos humanos existe um reacionário, que mesmo de maneira sutil, legitima a agressão imperialista contra a Coréia.

Em um trecho do texto o Sr.Wu tenta se passar de grande defensor do marxismo-leninismo, mesmo que ironizando aqueles que ele chama de “órfãos do bolchevismo vulgar”, e sentencia que o “Juche” se tornou em doutrina oficial do estado em novembro de 1970, portanto, teriam abandonado o marxismo-leninismo. 

Como o objetivo de seu texto é ridicularizar a opção de seu partido em manter relações com a Coréia e não expor os princípios filosóficos da chamada Idéia Juche, Wu apenas se limita a tecer suas opiniões pessoais delirantes sobre o que seria a Idéia Juche. Segundo ele, trata-se de uma “doutrina teológica” e que uma de suas “lendas” afirma “uma estrela de brilho intenso e um duplo arco-íris apareceram nos céus do Monte Paekdu”.

Ora, o Sr.Wu por acaso não sabe diferenciar folclores populares, que em certa medida acabam servindo como propaganda, dos princípios filosóficos de uma determinada teoria? Se souber diferenciar, desafio Vinicius Wu apontar em qualquer livro teórico ou documento político do PTC, trechos e passagens onde se atribua qualquer referencia divina aos “grandes líderes” e a episódios como, por exemplo, o nascimento de Kim Jong Il.

Sabemos que Vinicius Wu possui total desprezo pelo socialismo científico, ou seja, pelo marxismo-leninismo e que citou o fato de a Idéia Juche ter se tornado ideologia oficial da coréia apenas para levantar falsas polemicas, afinal, mesmo que a Coréia ainda se dissesse “marxista-leninista” e não “juche”, Vinicius Wu manteria da mesma forma suas opiniões reacionárias sobre o país. Mas, de qualquer forma, também gostaríamos que Vinicius Wu apontasse de que modo a chamada Idéia Juche nega o marxismo-leninismo.

Para terminar o seu ridículo texto, Vinicius Wu recomenda a Valter Pomar que assista um documentário chamado “Welcome to North Korea” que provavelmente, segundo a mente de Wu, detém o monopólio absoluto da verdade sobre o que ocorre na Coréia do Norte. Segundo ele, assistindo tal documentário Pomar saberia o porquê dos coreanos utilizarem broches com o retrato do Presidente Kim Il Sung. Triste, mas são essas figuras que costumam dizer que os coreanos sofrem “lavagem cerebral”. 

Gabriel Martinez - editor do Blog de Solidariedade à Coréia Popular


Para ler o texto de Vinicius Wu: http://www.pt.org.br/portalpt/noticias/geral-8/nao-em-nosso-nome-239.html