quarta-feira, 16 de junho de 2010

Uma “imparcial reportagem” sobre a seleção coreana



A Rede Globo sempre se apresentou com programas “ilustres”, que sempre trouxeram grandes benefícios “culturais” para o povo brasileiro. Ironias à parte, há tempos que não assistíamos a uma “reportagem” tão ridícula. Reportagens ridículas na Globo aparecem diariamente. Porém, nenhuma conseguiu descer tão baixo quanto esta.

Depois de iniciar a apresentação sobre o treino “pra lá de esquisito” da seleção norte-coreana, Fátima Bernardes passa a palavra para Marcos Uchôa, que por sua vez irá começar orquestrar uma série de sátiras e maldizeres sobre a seleção coreana – “Segurança e ônibus com cortinas fechadas, ‘êta’ seleção avessa, alérgica a jornalistas, a Coreia do Norte permite o absolutamente mínimo contato com o ‘mundo exterior’”, diz ele.

Ora, sabemos a que tipo de “jornalista” Marcos Uchôa se referia. É claro que os coreanos, como genuínos patriotas e amantes da causa socialista e da paz mundial, jamais gostariam de perder tempo ouvindo a provocações e a comentários inúteis com o intuito de ridicularizar a Coreia Popular e seu grande líder Kim Jong-Il. Eles já são diariamente provocados pelo governo fantoche da Coreia do Sul, pelo Japão e pelos Estados Unidos. Não há porque perder mais algum precioso tempo respondendo a repórteres anticomunistas – Logo depois, vem “... a Coreia do Norte permite o mínimo contato com mundo exterior”. Se pararmos para pensar que não é a Coreia que se isola do ‘mundo exterior’ mas sim o ‘mundo exterior’ (que na verdade deveria se chamar ‘mundo sob a hegemonia imperialista norte-americana’) que isola a Coreia, salta à vista o quão infeliz foi tal comentário. Depois de anos de colonização japonesa, de massacre aos patriotas e aos libertadores da Coreia, e em seguida uma guerra de dois anos provocada pelos imperialistas que conseguiu literalmente arrasar o país, ainda hoje estão bloqueados e sancionados pelos norte-americanos e japoneses. Cabe ressaltar aqui o fato relevante de que desde os anos 50 o tratado de paz ainda não foi assinado. Portanto, há mais de 50 anos o país está em guerra técnica com os imperialistas. Não foi a Coreia que trilhou o caminho do isolamento, mas sim o imperialismo que impôs esta avessa situação ao país socialista.

Pois bem, prossigamos no mar de fezes que é esta “reportagem”. Marcos Uchôa diz que Kim Yong-Jun foi “um dos raros” jogadores a ter uma experiência fora da Coreia. Como todo jornalista burguês, mente. Além de Kim Yong-Jun, cabe ressaltar que Jong Tae-Se, japonês naturalizado norte-coreano por livre e espontânea, joga até hoje na seleção japonesa de futebol. Ahn Young-Hak, igualmente, também faz parte da seleção japonesa. Talvez por pura falta de compromisso com a realidade, o meio de campo Hong Yong-Jo, que joga até na seleção russa de futebol, também foi omitido da “lista de jogadores que conseguiram sair do inferno”.

Referindo-se aos comentários de Kim Yong-Jun, Uchôa fala sobre o “blá blá blá de quem tem um time fraco”. É uma pena que toda essa arrogância não tenha se manifestado no jogo de ontem, quando um time que participa pela segunda vez da Copa consegue jogar com garra e enfrentar – mesmo perdendo -, um gigante como o Brasil que a cada quatro anos é campeão da Copa. Mesmo na primeira vez da Coreia na Copa, em 1966, um time teoricamente fraco consegue eliminar a Itália por 1 a 0 e ficar em oitavo lugar do campeonato. Porém, com o claro intuito de ridicularizar um país socialista, Uchôa omite tais fatos e afunda-se em suas próprias palavras.

Ao longo do festival de ridículos comentários, o “repórter” apresenta-se em frente ao treinamento da seleção norte-coreana. Será que algum dos seguranças do time falava português? Não seria nem um pouco “antidemocrático” expulsá-lo do estádio para que o time treinasse em paz, visto que Marcos Uchôa não estava lá para “escrever uma matéria” nem para informar ninguém, mas sim para difamar os jogadores e ridicularizá-los com pseudo-piadas. Acompanhemos, pois então.

“Primeiro temos o grande show de focas amestradas do circo Coreia do Norte” – As focas amestradas não seriam os leitores da Veja e expectadores do “imparcial” Jornal Nacional? Ao contrário dos jogadores brasileiros, que não são representantes de seu povo, mas sim de multinacionais e de banqueiros, os norte-coreanos orgulham-se em representar o povo coreano. A República Democrática Popular da Coreia guia-se em suas atividades pela Idéia Juche, filosofia que preza pela autonomia das massas populares e que estabelece que o homem é dono do mundo e traça seu próprio destino. Portanto, como bons discípulos de Kim Il-Sung e Kim Jong-Il, como bons jucheanos, os coreanos pensam por si próprios e não merecem a alcunha de “focas amestradas”, ao contrário dos imbecis da classe-média que acompanham a Veja e o Jornal Nacional. Quanto à questão do “circo”, sequer são necessários comentários. Ainda que o time fosse um “circo”, seria muito superior à Globo, que nas noites de terça-feira e sábado tenta reproduzir vários “circos”... Obviamente, sem sucesso.

Marcos Uchôa finaliza a matéria com um comentário ridículo e homofóbico “como número final, temos uma sensacional demonstração de intimidade, não bem com a bola. Mas dá pra ver que o grupo está unido, fechado, agarradinho”. Não há palavras para expor a nu a decadência do jornalismo brasileiro nesse momento. Por acaso Uchôa se referia à “intimidade” da mulher dele com suas dezenas de amantes enquanto ele passa alguns dias no continente africano? Bom, não vem ao caso. Gostaríamos muito que o movimento LGBTT emitisse uma nota de repúdio ao comentário feito por esse pseudo-jornalista. Entraremos em contato com lideranças do movimento LGBTT informando sobre esta decadência do jornalismo brasileiro.

Os organizadores do Blog de Solidariedade Coreia Popular lançam seus mais altos protestos. Viva à Coreia Socialista!