terça-feira, 25 de maio de 2010

Obama reafirma retórica de agressão contra Coreia do Norte


O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, ordenou nesta segunda-feira (23) que as forças militares dos EUA estejam de prontidão para um possível conflito com as forças armadas da República Popular Democrática da Coreia (RPDC), de acordo com o porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs.
Segundo informou Gibbs, os EUA apoiam energicamente os planos do presidente sul-coreano Lee Myung-bak, que pretende retaliar o vizinho do norte pelo suposto afundamento de um vaso militar do país, ocupado militarmente pelos Estados Unidos há mais de 50 anos.

"O apoio dos EUA à defesa da Coreia do Sul é inequívoco, e o presidente deu ordens para que comandantes militares se coordenem com os colegas da República da Coreia para garantir prontidão e impedir futuras agressões", disse ele.

A corveta de 1.200 toneladas Cheonan, da marinha sul-coreana, ancorada nas águas do sul da ilha de Baengnyeong, explodiu às 21h22 (horário local) da noite de 26 de março passado, dividindo-se em duas partes e afundando completamente em seguida. Dos 104 membros da tripulação, 46 morreram.

A ilha é um dos pontos mais nervosos da fronteira marítima entre as Coreias e foi palco recente de exercícios militares conduzidos pelas forças armadas estadunidenses e sul-coreanas. Após uma "investigação" endossada pelas forças armadas americanas, a Coreia do Norte foi acusada de disparar um torpedo que teria afundado a corveta sul-coreana.

Indução à guerra

O caso lembra o incidente do Golfo de Tonkin, utilizado pelos Estados Unidos para iiciar uma invasão massiva de tropas e dar início à Guerra do Vietnã. Na época, o governo americano alegou que barcos norte-vietnamitas teriam atacado destroieres americanos no golfo.

Diferentemente de Tonkin, onde o ataque jamais aconteceu, o caso da corveta sul-coreana não detonou de imediato uma agressão militar contra a RPDC, mas serve para o complexo militar industrial, com comando no Pentágono, reverter qualquer tentativa de resolução multipolar da questão nuclear da Península Coreana.

"O complexo militar industrial americano não deseja permitir que o Oriente da Ásia passe à esfera de influência da China, procurando obter vantagens no incidente com o Cheonan para induzir uma agressão da Coreia do Sul contra a RPDC", afirma o jornalista japonês Tanaka Sakai, estudioso das relações entre as duas repúblicas.

Os Estados Unidos mantêm cerca de 28 mil soldados na Coreia do Sul e submarinos nucleares, como o USS Columbia — vetor de ataque nuclear —, estiveram presentes na região em que houve o suposto ataque norte-coreano. As duas Coreias, ainda tecnicamente em guerra, têm mais de 1 milhão de tropas próximo à fronteira.

O incidente com a corveta Cheonan foi o pior acontecido com a marinha sul-coreana, desde 1974, quando um dos navios de desembarque de tropas virou e matou 159 marinheiros.

Da redação, com agências

Fonte: Portal Vermelho