terça-feira, 30 de janeiro de 2018

'Genocídio': o plano dos EUA para a Coreia do Norte


“As ameaças americanas contra a Coreia do Norte continuam a escalar e com elas a ameaça do genocídio do povo da Coreia do Norte pelos Estados Unidos da América e seus aliados”, denuncia o advogado criminalista internacional Christopher Black.

Ele se refere à reunião ocorrida em 16 de janeiro entre os EUA e seus aliados, os mesmos que atacaram a Coreia do Norte durante a Guerra da Coreia (1950-1953). O encontro, “que alguns esperavam levar a uma solução política [para as tensões entre Coreia e EUA], na verdade teve o caráter de uma reunião de criminosos que pela sua presença, concordância e ações fez deles partícipes de uma conspiração para cometer genocídio”, segundo seu artigo no site New Eastern Outlook.

Para o analista, as frequentes ameaças feitas pelos EUA contra a Coreia do Norte, que aumentaram desde que Donald Trump chegou à Casa Branca, se devem a um único motivo. “A República Popular Democrática da Coreia se recusa a aceitar a hegemonia mundial do Império Americano”, afirma.

O advogado canadense é taxativo em sua argumentação: “A ameaça à paz mundial não vem da Coreia do Norte. Ela vem dos EUA e de seus aliados.” Isso porque os EUA foram os únicos a utilizarem de fato armamento nuclear (contra a população civil das cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki, no fim da 2ª Guerra Mundial) e porque são os maiores possuidores desse armamento, espalhando seus dispositivos por países aliados na Europa. Além disso, outros países que não pertencem ao Conselho de Segurança da ONU – portanto, não poderiam ter armas nucleares – também possuem tal armamento, como Paquistão, Índia e Israel.

“A Coreia do Norte não está violando nenhuma lei internacional ao desenvolver [poderio nuclear] para se defender, ao garantir sua segurança tal como fazem todas essas nações”, escreve Black. “A Coreia do Norte não ameaça ninguém e busca somente ter um [acordo de] paz completo e definitivo com os Estados Unidos”, completa.

Em sua opinião, “a questão das armas nucleares é simplesmente o pretexto que os Estados Unidos estão usando para tentar solidificar sua tirania sobre a Coreia, sobre o mundo”.

Carta aberta à Corte Penal Internacional

Black também divulgou uma carta aberta dirigida ao promotor da Corte Penal Internacional, escrita em conjunto com Douglas Graeme MacQueen, fundador e ex-diretor do Centro de Estudos da Paz da McMaster University, no Canadá.

Eles denunciam que a retórica belicista do governo dos EUA sobre a Coreia do Norte é uma “incitação pública de genocídio”, o que constitui crime segundo a Convenção contra o Genocídio. Na carta, escrevem que os EUA estão demonstrando suas intenções de genocídio contra o povo coreano ao ameaçar destruir a Coreia do Norte reiteradamente.

Além dos discursos de Trump ameaçando atacar com “fogo e fúria de maneira como o mundo jamais viu”, os denunciantes lembram que as sanções impostas sob a liderança dos EUA contra o país asiático já estão causando efeitos mortais na população norte-coreana, e que isso tem sido proposital.

Como exemplo, citam a frase do secretário de Estado Rex Tillerson sobre a morte de pescadores norte-coreanos no mar sem combustível suficiente, uma vez que o país está proibido de importá-lo. “Eles estão sentindo o efeito de nossas sanções”, disse Tillerson.

Por fim, os autores da carta pedem ao promotor da Corte que abra investigações sobre o caso e evite um genocídio ao “condenar como graves violações da lei criminal internacional as intenções e ações anunciadas pelas nações mencionadas acima [EUA e Canadá]”.

por Eduardo Vasco, no Blasting News