Os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro são mais uma oportunidade que a imprensa brasileira e mundial têm para espalhar mentiras sobre a República Popular Democrática da Coreia.
Qualquer peido que os norte-coreanos dão, por mais normal que seja em qualquer lugar do mundo, as empresas de “jornalismo” tratam como se fosse algo extraordinário, e sempre abordando negativamente. Na verdade, elas competem para ver quem ganha a medalha de ouro na modalidade manipulação de notícias.
Atletas “sisudos” e sem alegria
O blog Radar Olímpico, da página na internet do jornal O Globo, achou pêlo em ovo na delegação da Coreia do Norte durante o desfile dos países na cerimônia de abertura, na sexta-feira (5).
“Os atletas do país, conhecido por ter um dos regimes políticos mais fechados do mundo e por um governo controlador, que faz do esporte um instrumento de propaganda política, até acenaram para o público, em gestos protocolares, mas pouparam sorrisos e não mostravam alegria com o momento diferentemente de outras delegações, que tinham atletas eufóricos, que aproveitavam a oportunidade para fazer selfies”, destacou o
blog.
O jornal se aproveita até da expressão dos atletas para demonizar o governo do país, deixando a impressão de que até o comportamento dos esportistas na cerimônia dos Jogos era controlado pelo governo, ou pior, que na Coreia do Norte os atletas (e as pessoas) não são felizes. Também tenta adivinhar o sentimento dos atletas, comparando com os de outras delegações. Queria o quê? Cada um com o seu estilo, ué. Mas, mesmo assim, veja
aqui e
aqui a feição dos integrantes da delegação norte-coreana. Não parece nada de mais, nada muito diferente dos atletas de outros países.
Além disso, destaca que o governo “faz do esporte um instrumento de propaganda política”, como se isso fosse exclusividade da Coreia do Norte. Por acaso os governos de Estados Unidos, Brasil ou Espanha não usam o esporte para fazer propaganda política?
Atletas não dão declarações por ordem do governo
Reportagem do
UOL, sobre a cerimônia de boas-vindas à Vila dos Atletas, antes do início dos Jogos, também destacava que “o bom-humor não está entre as premissas” da delegação norte-coreana. Novamente, tentou-se comparar com outras delegações: “Enquanto os africanos [de Uganda] dançavam com os artistas brasileiros, o máximo que os asiáticos faziam era aplaudir”. Segundo a matéria, a “seriedade de sempre” se deve à “imagem que o país mostra ao mundo” – disciplina, organização e sucesso.
Além disso, uma coisa que se tornou recorrente quando o país asiático está em alguma competição internacional: afirmar que os atletas não falam com a imprensa. “Não dão entrevistas”, relata a matéria, de 31 de julho.
Curiosamente, poucos dias depois, o
GloboEsporte.com publicava declarações de Yun Chol Om, medalhista de prata no levantamento de peso.
Culto à personalidade de um finado
A mesma reportagem do GloboEsporte.com trata em tom de deboche o fato de Om ter dedicado a conquista da medalha de ouro nas Olimpíadas de 2012 ao ex-presidente do país, Kim Jong-Il, que morreu em 2011.
“Ao ganhar em Londres, [Om] dissera que havia recebido diretamente do ditador Kim Jong-Il a força para suportar erguer três vezes o peso de seu corpo. O detalhe é que o líder norte-coreano morrera um ano antes.”
Mas isso é perfeitamente compreensível. Como comandante do país, Kim teve a responsabilidade de desenvolver o esporte nacional, que tem total apoio do Estado na Coreia Popular, ao contrário de países como o próprio Brasil. Isso não foi nenhuma “ajuda do além”, como intitulou o site, mas sim uma realização, uma concretização do socialismo norte-coreano.
Melhor agradecer a alguém que existiu e fez algo importante do que louvar divindades cuja existência não é nem cientificamente comprovada, não? Aliás, nunca se vê a imprensa ridicularizar celebrações feitas a deuses, mas quando o povo norte-coreano homenageia seus presidentes isso é considerado “culto à personalidade”.
Em tempo: a declaração de Yun Chol Om na época foi a seguinte – “Acredito que o grande Kim Jong-Il me deu essa força. Estou muito agradecido por ele ter me dado a força para levantar esse peso”. Om falou com a imprensa em duas Olimpíadas, mas essa mesma imprensa diz que os norte-coreanos não dão entrevistas...
Ginasta poderia ser morta por tirar selfie com sul-coreana
Isso foi título de matéria do tabloide inglês
Daily Star, após a ginasta norte-coreana Hong Un-Jong (campeão olímpica em Pequim-2008) ser fotografada tirando uma selfie com sua colega de profissão sul-coreana., durante as Olimpíadas do Rio.
Nenhuma fonte citada. Nenhum indício sequer, a não ser o velho histórico manipulado de
“execuções” esdrúxulas, que já foram exaustivamente desmentidas.
A reportagem é totalmente sensacionalista, mas teria grande adesão de acéfalos anticomunistas se fosse reproduzida no Brasil. Aliás, pelo que publicou a página da
Mídia Ninja, existem pessoas que, de tão manipuladas e bombardeadas por mentiras, nem precisam mais ver uma “notícia” sobre o assunto, elas mesmas já discutem sobre as possibilidades.
O site
Explore DPRK rechaçou tal reportagem, lembrando que Pyongyang tem uma política constante de tentar a reaproximação com o sul, e até mesmo a união da Península Coreana. “É estúpido acreditar que alguém da equipe da RPDC poderia enfrentar uma punição após as Olimpíadas. Esse tipo de 'informação' aparece quase todo ano, e a cada ano é apenas uma história falsa.”
(Obs: o blog do jornal O Globo, citado mais acima, não estava criticando os norte-coreanos por não fazerem selfies?)
Poucas medalhas olímpicas?
A manipulação é realizada até na hora de informar o número de medalhas da Coreia do Norte em Jogos Olímpicos. A agência
AFP afirmou que “o país participou de nove olimpíadas de verão desde os Jogos de Munique-1972, mas conquistou apenas 14 medalhas no total”, com a clara intenção de desmerecer a história do país em Olimpíadas.
Não são 14 medalhas no total. Esse número é o de medalhas de ouro. No total, eram 47 até os Jogos do Rio (o país já conquistou duas de prata e duas de bronze nesta edição dos Jogos, então até o fechamento desta matéria são 51 medalhas na sua história olímpica). Ela tem mais medalhas de ouro do que países como Israel e Portugal, por exemplo.
Nos Jogos do Rio de Janeiro, as medalhas que a Coreia do Norte conquistou até agora envolvem o levantamento de peso (duas de prata), o tiro esportivo (uma de bronze) e o tênis de mesa (uma de bronze). Nas últimas Olimpíadas, em Londres-2012, o país terminou com quatro medalhas de ouro e duas de bronze.