A cada ano, quando chega o mês de junho, eu, vindo da ilha Jeju do sul da Coreia, recordo dos que sacrificaram suas vidas sem vacilação pela causa da reunificação da pátria. Neste caminho faleceram meu pai e o marido de minha tia.
Meu tio Kang Kyu Chan, participou na luta antijaponesa antes da libertação do país (15 de agosto de 1945) e depois da emancipação nacional se dedicou ao trabalho partidário na ilha Jeju. Junto com minha tia, participou como delegado na Conferência Conjunta dos Representantes dos Partidos Políticos e das Organizações Sociais da Coreia do Norte e do Sul, realizada em Pyongyang a abril de 1948. Posteriormente, durante o período da Guerra de Libertação da Pátria (junho de 1950 até julho de 1953) lutou no monte Jiri do sul da Coreia pela reunificação do país e caiu em combate. Sua esposa Ko Jin Hi lutou no monte Jiri e, detida, infelizmente, pelos inimigos, cometeu suicídio na prisão de Kwangju. Meu pai Ko Pong Hyo, que retornou para sua terra natal logo após ter abandonado os estudos no Japão, lutou para reunificar a pátria na ilha Jeju sob a direção dos cônjuges de sua irmã e foi capturado e assassinado cruelmente pelos inimigos.
O único desejo deles foi viver em felicidade numa pátria reunificada.
O imperialismo estadunidense que, depois da libertação, ocupou a parte sul do país em substituição do imperialismo japonês, tentou levar a cabo eleições separadamente, a fim de reprimir a luta do povo sul-coreano pelo estabelecimento de um governo provisório democrático e unificado.
Contra tal manobra, o povo da ilha Jeju revoltou-se. Nesta resistência de salvação nacional anti-norte-americana conhecida na história como o Levante Popular de 3 de abril, participaram todos os membros de minha família incluindo meu pai e o marido de minha tia.
O povo da ilha, sob a palavra de ordem “Abaixo ao imperialismo estadunidense!”, “Nós faremos oposição até a morte contra as eleições separadas e o governo separado”, “Fora a Comissão Provisória da ONU para a Coreia” e “Poder aos comitês populares”, assaltaram os postos policiais em toda a parte, executaram policiais e seus lacaios e restauraram os comitês populares dissolvidos forçadamente pelos ianques.
As massas sublevadas, que eram constituídas de 240.000 habitantes do total de 300.000 na ilha, combateram ativamente até frustrar totalmente as eleições e paralisaram completamente a ordem da dominação. O imperialismo estadunidense, a fim de reprimir o motim, organizou o “Comando de Guarda de Emergência da Ilha Jeju” e mobilizou um grande número de efetivos, que queimaram mais da metade das aldeias da ilha e assassinaram mais de 70.000 pessoas inocentes. O levante foi frustrado impiedosamente pelo imperialismo estadunidense e seus fantoches que não desejavam a reunificação do país.
Apesar de terem se passado mais de 70 anos, desde então não se realizou ainda a vontade do povo de Jeju, que se sacrificaram pela reunificação da pátria, o desejo da nação coreana. Devido aos Estados Unidos da América, as forças vende-pátria e os servos das potências que não desejavam a reintegração da Coreia, hoje também continua a história da divisão nacional. Houve a oportunidade de acabar com essa história, pois a junho de 2000 os dirigentes máximos do Norte e do Sul aprovaram em Pyongyang a Declaração Conjunta Norte-Sul que constituía o marco para a reunificação da pátria. Depois de sua publicação, as conversações Norte-Sul abriram um novo capítulo de confiança e colaboração que permitia resolver realmente os problemas pendentes, libertando-se das velhas fórmulas do passado.
Ao se conectar as ferrovias e rodovias que estavam cortadas durante mais de meio século e se abrirem as rotas aéreas e marítimas, se fez uma grande abertura na muralha da divisão. Penso que esses sucessos deram uma grande contribuição para a eliminação da desconfiança e a ampliação da colaboração e intercâmbio bilaterais.
Não posso esquecer-me daqueles momentos em que, em virtude da aprovação da Declaração Conjunta de 15 de Junho, os compatriotas do Norte e do Sul, cheios de ânimo pela reconciliação e unidade, visitavam-se abraçando mutuamente uns aos outros em meio de tantas lágrimas e risos. Não somente eu, mas também toda a nação coreana desejamos que se dê continuidade a esta época.
Ainda que a noite seja longa, possui um fim. Da mesma maneira, por mais difícil e complicado que seja a reintegração nacional, estou seguro de que chegará sem falta o dia da reunificação se todos nós, os compatriotas, juntarmos verdadeiramente nossas forças.
Eu, com mais de 70 anos de idade, dedico tudo o que tenho para a investigação científica a fim de adiantar o dia de ligar as ferrovias do Norte e do Sul com os trilhos pesados desenvolvidos por mim e assim, retornar a ilha Jeju, minha terra natal.
por Ko Yong Chol, dr. do Instituto Universitário Politécnico Kim Chaek
do Naenara