sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Assassinos de negros desarmados promovem na ONU chicana vil contra direitos humanos na RPDC

Manifestação contra ataques imperialistas sobre os "Direitos Humanos"
Milhares de jovens participam de manifestação anti-imperialista em Pyongyang, capital da RPDC

Em reunião da Assembleia Geral realizada no último dia 18 o Japão e a cúpula da UE, seguindo as determinações de Washington, apresentaram um relatório sobre os direitos humanos na RPDC condenando indevidamente o país socialista.

O relatório foi previamente preparado “sob encomenda” dos EUA através de artimanhas no Conselho dos Direitos Humanos da ONU que criou uma comissão de inquérito para elaborá-lo.
Tal comissão, em um ano de trabalho, jamais visitou a Coreia Popular, não entrevistou nenhuma instituição da sociedade civil do país ou qualquer membro de seu governo mas se bastou com recolher “testemunhos” de sul-coreanos funcionários do setor de inteligência do governo sul-coreano ou de coreanos do norte residentes em Seul pagos pela CIA e algumas ONGs norte-americanas e sul-coreanas para dar informações falsas sobre a situação na RPDC.

O relatório, um documento parcial e mentiroso baseado em fontes suspeitas, fala de crimes contra a liberdade religiosa, torturas, prisões, campos de concentração, fome e outros absurdos sem nada provar. Seu objetivo é denegrir a imagem da Coreia Popular e criar um ambiente na comunidade internacional hostil à RPDC pelo fato do país manter o regime socialista, se recusar a abrir mão de sua soberania nacional e manter uma política externa independente. Não por acaso o relatório foi amplamente divulgado pelos monopólios de mídia em todo o mundo, fiéis defensores dos interesses dos EUA, como parte do processo de manipulação da comunidade internacional e da própria ONU.

Apesar da enorme pressão do governo americano sobre os mais de 180 países durante a reunião, inclusive fazendo ameaças de retaliação econômica, 111 votaram a favor dos EUA, 19 votaram contra, entre eles além de Cuba, China e Rússia, o Vietnã, Bolívia, Venezuela, Irã, Egito e Equador. Entre os 55 que optaram pela abstenção estão: Índia, África do Sul, Indonésia, Malásia, Angola, Moçambique, Arábia Saudita, Argélia, Senegal e Singapura.

Lamentavelmente o Brasil, que sempre teve a tradição de se abster em situações como essa, dessa vez adotou uma posição alinhada aos EUA votando contra a Coreia socialista, endossando as pressões do governo americano e um relatório mentiroso apesar do governo brasileiro e da presidente Dilma saberem muito bem como tudo foi armado. Não pegou bem para o Brasil. Nossa diplomacia jogou no lixo nosso princípio de política externa independente e fez um gol contra o Brasil ao se distanciar dos seus parceiros políticos e econômicos mais tradicionais e em particular dos países BRICS que votaram contra a fraude ou se abstiveram.

O Ministério das Relações Exteriores da RPDC rechaçou as acusações declarando que “os EUA cometeram uma grave provocação política ao aprovar pela força a “resolução de direitos humanos” anti-RPDC instigando a cúpula da União Europeia e o Japão a agirem também assim e colhendo votos a favor mediante a coerção e pressão político-econômica. A “resolução” se baseia em “relatório da comissão de investigação” que recolhe “testemunhos” fabricados por alguns norte-coreanos delinquentes. Nunca houve na história da ONU um antecedente como esse em que um relatório de investigação “fabricado” sem que nenhum integrante da comissão visitasse sequer uma única vez o país fosse posto em votação, e, sem nenhum diálogo com o país interessado fosse adotado como uma resolução da Assembleia Geral. Ainda que os EUA tenham conseguido os votos para a aprovar a “resolução” não poucos países confessaram que votaram a favor não por causa dos direitos humanos na RPDC, mas pelas ameaças de retaliação dos EUA e do Japão. Fato que demonstra que a aprovação dessa “resolução” foi uma fraude política”, afirmou em nota o MINREX da RPDC.

Para afirmar sua política de prioridade à região da Ásia-Pacífico os EUA mantém tropas militares
fortemente armadas, inclusive com arsenais nucleares, na Coreia do Sul e nos mares na Península Coreana, importante e estratégica região para a política americana de dominação do mundo que não aceita a existência de um país independente, com povo unido, patriota e valente decidido a defender a soberania de seu país e o regime de governo que escolheu democrática e livremente – o socialismo – bem na fronteira com a China e a Rússia.

ROSANITA CAMPOS

Fonte: HORA DO POVO

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Hipócritas do “waterboarding” e dos drones questionam “direitos humanos” na Coreia Socialista

A República Popular Democrática da Coreia – RPDC tem chamado a atenção da comunidade internacional em relação às ações dos EUA de fazer uso indevido de organismos da ONU como o Conselho dos Direitos Humanos e as questões relacionadas aos direitos humanos na Coreia Popular para criar uma situação de instabilidade política na RPDC.

Em declaração à agência de notícias KCNA o Ministério das Relações exteriores da Coreia condenou “a tentativa dos EUA de politizar a questão dos direitos humanos para derrubar seu regime social”.

RPDC tem sustentado que o país socialista garante os direitos humanos da população em todos os sentidos seja através das leis constitucionais seja do ponto de vista das políticas do governo para o qual atender às necessidades da população é um dever, é a razão mesma da existência do governo.

As notícias mentirosas sobre a Coreia repercutida pelos monopólios de mídia a favor dos EUA não podem mascarar a realidade da vida do povo coreano que é altamente culto e instruído e goza dos direitos fundamentais como habitação, saúde e educação que lhes proporciona o regime socialista que escolheram para o país. Em que pese as duras sanções e bloqueio econômico contra o país, o progresso e o desenvolvimento na Coreia favorecem o coletivo nacional e não apenas meia dúzia de privilegiados. Não serão alguns fugitivos instalados em Seul, mentirosos financiados pela CIA e pelo governo sul-coreano que poderão atestar o quanto os direitos humanos são respeitados na RPDC. Muito mais que nos EUA por muitos considerados “o túmulo dos direitos humanos”.

O secretário de Estado dos EUA, John Kerry e o enviado especial dos EUA para as discussões a seis partes, Sydney Seiler, têm feito declarações em várias oportunidades fazendo provocações contra a RPDC para denegrir a imagem do país na tentava de isolar e asfixiar a RPDC. Obama continua mais obstinado que seus antecessores em derrubar o governo da Coreia Popular. Com tamanha hostilidade, como dialogar sobre direitos humanos ou qualquer outra questão? Ainda assim a RPDC tem mantido sua disposição ao diálogo “com quaisquer países que respeitem sua soberania, porém nunca se sentará à mesa de negociação para discutir assuntos nucleares e direitos humanos com quem busca derrubar seu governo”, declarou o MINREX.

O governo dos EUA nomeou no último dia 6 de novembro um novo representante especial para políticas em relação à RPDC. Trata-se do sul-coreano nascido em Seul em 1960, Sung Kim, até aqui embaixador dos EUA na Coreia do Sul. O diplomata já trabalhou também nas Embaixadas dos EUA em Tóquio e na Mongólia e sua especialidade tem sido fazer tudo que os EUA mandam para envenenar as relações entre os coreanos do Norte e do Sul.

Nesta quarta-feira (12) o Comitê pela Reunificação da Pátria em nota condenou os EUA e a Coreia do Sul pela realização desde a última segunda-feira, dia 10 de novembro, com previsão de ser concluído no dia 21 de novembro, das manobras militares conjuntas “Hoguk” que segundo sua escala e conteúdo constituem “um ensaio de guerra nuclear para agredir a RPDC”.

As manobras militares “Honguk – 2014” são as maiores já realizadas. Serão mobilizados 330 mil efetivos militares – no ano passado foram 80 mil – 23 mil equipes militares móveis, 60 barcos de guerra e muitos aviões segundo informou o Ministério da Defesa da Coreia do Sul.

Essas manobras militares contínuas entre EUA e Coreia do Sul na fronteira com a RPDC são ações provocativas contra o país socialista que desmascaram o discurso formal dos dois países que dizem querer o “diálogo e a paz” mas na prática incentivam a discórdia e a desestabilização da Península Coreana, fomentam a guerra e anulam os esforços em relação à reunificação pacífica da Coreia; por isso mesmo devem ser repudiadas pela comunidade internacional que sinceramente anseia pela paz nessa estratégica região da Ásia-Pacífico e reconhece a importância da reunificação do país artificialmente dividido.


ROSANITA CAMPOS 

Fonte: Hora do Povo

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

A chave dos triunfos do Partido do Trabalho da Coreia - Eduardo Artés, Primeiro Secretário do Partido Comunista Chileno (Ação Proletária)

   

 
Eduardo Artés
Por Eduardo Artés - Primeiro Secretário do Partido Comunista Chileno (Ação Proletária)
  
  A vitória ou o fracasso da causa socialista, depende de como se constrói o Partido que a realiza, de como se eleva o seu papel dirigente, fato comprovado pela rica experiência do PTC.

  De acordo com a experiência do PTC, a tarefa essencial consiste em resolver de maneira independente, pensando com a própria cabeça, todos os problemas relativos a construção do Partido e suas tarefas. 

  A construção exitosa do socialismo na Coreia, deve-se ao fato de ela ser feita de acordo com as exigências do povo e da realidade do país. O PTC apesar das pressões e ingerências externas, soube manter sua linha independente, tal como a ciência socialista demanda. 

  A confiança e o apoio das massas ao PTC é algo natural, já que elas o têm como seu único orientador e assimilam a ideologia do Partido como sua, seguindo sua direção. 

  Uma das características distintivas do PTC é a de ter um estável fundamento orgânico e ideológico, sólido e massivo que assegura a unidade de ideologia e direção. 

  O PTC como partido dirigente do Estado Socialista, alcançou tal nível de condução e identificação com as massas, que quando vários países baixaram a bandeira do socialismo, o povo coreano sem vacilação alguma, avançou em um passo certeiro e firme, pelo caminho do socialismo. Quando as forças imperialistas reacionárias a nível mundia, tentavam terminar por completo com o socialismo, e Pyongyang foi publicada uma declaração conjunta de Partidos e Organizações Socialistas, revolucionárias e progressistas, da qual o Partido Comunista Chileno (Ação Proletária) P.C (AP), que sob o título “Defendamos e façamos avançar a causa socialista” deu mostras da avançada posição do Partido dirigente, na construção do socialismo, que foi alcançada pelo PTC. 

  Em fins do século passado, o socialismo foi derrotado em uma série de países e uma das lições refere-se a construção e atividades do Partido. Muitos Partidos não realizaram de maneira independente, de acordo com a realidade concreta e das massas do país, dos princípios revolucionários, de classes e socialistas, daí pelo fato de não terem um fundamento orgânico e ideológico firme, se deu a oportunidade para que os renegados aproveitassem apoderando-se da autoridade partidária para impor abertamente as linhas contrarrevolucionárias. No seio desses Partidos, houve vacilação ideológica e os que conheciam a verdadeira natureza contrarrevolucionária dos traidores foram paralisados, fingindo desconhecê-la ou só pensaram em “salvar-se” a si próprios, por isso praticavam a adulação e a submissão. Com a degeneração do Partido, o socialismo nesses países foi momentaneamente derrotado. 

  Como nos ensina a experiência do PTC e as lições de vários países, a vitória ou a derrota do socialismo depende principalmente da construção do Partido e de suas atividades. 

  A chave da vitória da causa socialista, está na máxima direção do PTC, nos camaradas Kim Il Sung (1912-1994) e Kim Jong Il (1942-2011), Líderes eternos da Coreia socialista, cuja causa é levantada e aprofundada corretamente pelo camarada Kim Jong Un, Primeiro Secretário do PTC. 

  O camarada Kim Il Sung fundador do PTC, de acordo com a ideia Juche, deu prioridade ao critério de que o sujeito da revolução são as massas populares, construíndo as organizações partidárias pela base, para logo fundar o Partido, marcando uma diferença fundamental com aqueles Partidos que primeiro se formaram por cima, quer dizer, a partir de seu Comitê Central; isto também ajuda a explicar a derrota e a vitória no socialismo. 

  Este sólido fundamento orgânico e ideológico na fundação do Partido, tornou possível instaurar puco depois da Libertação da Coreia (15 de Agosto de 1945), no dia 10 de outubro do mesmo ano, o PTC. 

  Levando em consideração que o socialismo surge da aspiração e ideal das grandes massas e de que o terreno sócio classista consolidou-se monoliticamente, o PTC assegurou a representação consequente dos interesses das massas populares, adquirindo profundas raízes entre os operários, camponeses, intelectuais e outros trabalhadores. 

  O camarada Kim Jong IL, eterno Secretário Geral do PTC, continuou o caminho do camarada Kim Il Sung, desenvolvendo a um novo e superior nível a compreensão dos problemas teóricos e práticos da construção do Partido e de suas atividades, aportes que demonstraram ser fundamentais em fins do século passado, quando vários Partidos submersos no revisionismo, se desmantelaram, destruindo o socialismo em seus países. 

 Hoje o camarada Kim Jong Un, Primeiro Secretário do PTC, leva adiante sem desvio algum, a ideologia e a causa de Kim Il Sung  e Kim Jong Il, lançando a consigna: “Todo para o povo, tudo apoiando-se nas massas populares!”, levando adiante obras transcedentais na construção de um Estado socialista poderoso e próspero. 

  Os trabalhadores e povos, os Partidos revolucionários, sintetizamos e aprendemos da grande luta e desenvolvimento ideológico que nos entrega o Partido do Trabalho da Coreia, PTC, que demonstra ser uma fonte de reafirmação e triunfo socialista. 

terça-feira, 4 de novembro de 2014

A Revolução Coreana e a Luta do seu Povo pela Independência

COMENTÁRIOS INICIAIS

Pyongyang em 1953, após os sucessivos bombardeios
promovidos pelo imperialismo norte-americano
Ao falar sobre as guerras de agressão do imperialismo, não se pode entendê-las em sua totalidade sem falar na situação gravíssima que se passa na Península Coreana há quase setenta anos. A questão coreana de hoje é fruto de uma série de acontecimentos históricos que se desenrolam, basicamente, desde 1910, ano em que ocorre a anexação do território da Coreia pelo Império Japonês. Com a enorme opressão feita pelo imperialismo japonês contra todo o país, o povo coreano empreendeu uma prolongada luta de libertação nacional que foi culminar com a libertação do norte da Coreia em agosto de 1945, através de operações realizadas em conjunto pelo Exército Vermelho da União Soviética, que havia declarado guerra contra o Japão, e pelo Exército Popular Revolucionário da Coreia, comandado pelo general Kim Il Sung. Mesmo com a Coreia recém-saída do período da libertação, do período das reformas democráticas feitas para liquidar as chagas do colonialismo japonês e do feudalismo, em menos de cinco anos a jovem República Popular e Democrática da Coreia foi submetida a uma guerra de agressão pela maior potência imperialista do mundo, os Estados Unidos, guerra esta que tirou a vida de 3 milhões de coreanos e causou inúmeros sofrimentos para o povo e retrocessos para sua economia. Para termos uma ideia do tamanho da destruição causada pelos Estados Unidos contra a Coreia do norte, a capital Pyongyang, que no período do conflito tinha cerca de 420 mil habitantes, foi bombardeada não menos que 428 mil vezes. Seria como jogar 13 milhões de bombas contra o município de São Paulo.

Combatentes vermelhos do Exército Voluntário
do Povo Chinês
Ainda que muito destruída pela guerra, a Coreia do norte, com a ajuda do Exército Voluntário do Povo Chinês enviado pelo Presidente Mao Tsé Tung, foi capaz de impor aos Estados Unidos a primeira derrota militar de toda sua história, com a assinatura do Tratado de Armistício em 27 de julho de 1953. 

Foster Dulles, secretário de Estado norte-americano, disse certa vez que, após a guerra, a Coreia do norte não seria capaz de se reconstruir nem em 100 anos. Jogando por terra os comentários provocadores, a Coreia do norte, rendendo homenagem aos países de democracia popular que lhe ajudaram financeira e tecnicamente, foi capaz de realizar sua industrialização socialista em 17 anos. Já no início dos anos 70, a Coreia, que outrora era conhecida no mundo como um atrasado país colonial e semifeudal, foi capaz de emergir como um país socialista industrial e avançado, consolidando a ditadura do proletariado, a aliança operário-camponesa, e levando a cabo sua revolução cultural e ideológica, tanto para capacitar os trabalhadores com novos conhecimentos técnicos, tão necessários para a expansão da produção industrial e agrícola, quanto para derrotar no terreno ideológico os inimigos de classe da Revolução coreana, as velhas ideologias burguesas e feudais, e formar todos os seus cidadãos como disciplinados comunistas. Tudo isso, claro, feito sob pressões, bloqueios, sanções e ameaças militares por parte do imperialismo norte-americano, japonês e de seus fantoches militaristas sul-coreanos.

Após a queda da União Soviética e dos países do bloco soviético do Leste Europeu, sofreu enormes reveses em sua economia, perdendo seus principais parceiros comerciais do dia para a noite. Com o corte na importação de petróleo e minérios por parte da URSS e demais países do Leste Europeu e a enorme escassez de divisas em dólar, a RPDC viu sua indústria e agricultura retrocederem em muitos anos. Além disso, anos e anos de enchentes e secas contribuíram para causar vários danos contra a agricultura – todos esses fatores, combinados com a necessidade cada vez maior de a Coreia do norte destinar crescentes recursos para o desenvolvimento de seu programa nuclear e fortalecer sua capacidade defensiva para fazer frente às provocações militares do imperialismo, causaram duros golpes contra o padrão de vida da população da Coreia, levando a períodos de desabastecimento de alimentos e combustíveis, e obrigando a país a se tornar um importador de alimentos.

Satélite Kwangmyongsong 3-2
Esse período, tão difícil para o povo coreano, que durou do início dos anos 90 até início da década de 2000, é conhecido até hoje como o período da “Árdua Marcha”. Contudo, o período de dificuldades também gerou grandes experiências práticas para o povo coreano em luta pelo socialismo: A política Songun, que significa dar prioridade aos assuntos militares e ter o Exército como o destacamento de vanguarda mais avançado da Revolução, de se priorizar o Exército ante a classe operária, é por excelência filha da década de 90. É a partir da década de 90, no período de maiores provocações por parte do imperialismo e enormes dificuldades, é que a política de priorização militar passa a ser exercida na Coreia como forma fundamental da política socialista. A política Songun da Coreia socialista, que teve Kim Jong Il como principal teórico que a fundamentou e aplicou, possibilitou ao país se tornar uma grande potência militar e espacial, dando para a Coreia socialista meios fundamentais de dissuasão militar, que permitiram garantir a paz na região do Leste Asiático, evitando que a península coreana se tornasse um cenário como o Iraque, Afeganistão, Líbia ou, em tempos atuais, como a Síria. No campo espacial, dos quatro satélites artificiais lançados pelo país, os Kwangmyongsongs 1, 2, 3, e 3-2, o Kwangmyongsong-3 foi o único que não entrou em órbita: A Coreia do norte já se situa entre os dez únicos países do mundo que conseguiram lançar satélites artificiais com a própria tecnologia. 

Sempre firme ao princípio da Ideia Juche de se manter a independência na construção econômica, na defesa e na política, o Partido do Trabalho da Coreia liderou o povo coreano para superar as dificuldades na economia e, nos dias de hoje, boa parte das dificuldades herdadas do período da ‘Árdua Marcha’ já foram superadas.  

Tivemos a oportunidade de visitar a Coreia popular e democrática em 2011 e 2012, participando das homenagens do povo coreano ao principal líder da Revolução Coreana e fundador da República Popular, o Presidente Kim Il Sung. Vimos algumas dificuldades pelas quais o país visivelmente passava, como quando sobrevoamos o aeroporto de Pyongyang e víamos plantações de arroz no meio das pistas, o que denunciava provavelmente a necessidade de os coreanos aproveitarem cada cm² de terra em razão das dificuldades climáticas para o crescimento das lavouras (as montanhas cobrem 85% do território da República democrática e popular), ou quando ainda víamos nas ruas alguns ônibus velhos (o que provavelmente era compensado pelos baixos preços das passagens, de apenas 5 wons). Ao lado dessas certas dificuldades que ainda subsistiam, vimos também um país completamente transformado pelo socialismo. Pyongyang, capital da Coreia do norte, é uma capital que mais parece um jardim. Nas ruas, inclusive quando andávamos em Pyongyang à noite, não se viam cenas tão típicas que parecem já banais para nós do mundo capitalista e do Terceiro Mundo, de milhares de pessoas morrendo de fome nas ruas, se prostituindo ou se viciando em crack. Desde 1972, o governo revolucionário da República Popular Democrática da Coreia aplica em todo o país o ensino gratuito, compulsório e universal de 11 anos. No ano de 2012, o ensino gratuito, compulsório e universal foi estendido para 12 anos: Hoje, não há na Coreia do norte uma única pessoa que não saiba ler e escrever. Toda gente estuda. Aliás, a Coreia do norte se orgulha de ter sido o primeiro país da Ásia a erradicar o analfabetismo, no ano de 1949, antes mesmo do início da Guerra da Coreia. No sentido da educação, toda província da Coreia possui o seu “Palácio das Crianças”, local para onde são enviados os melhores estudantes das províncias para que possam aprimorar seus conhecimentos. Todas as escolas possuem excelentes instalações e professores com diploma universitário, sem que para isso os pais necessitem pagar nada – no máximo, algum valor simbólico para a questão de materiais escolares ou uniformes.

O sistema de impostos foi sendo abolido gradualmente desde o início dos anos 60. Primeiro, com a abolição do imposto camponês no ano de 1966, depois com a abolição completa do sistema de impostos em abril de 1974. (1) Todos os modernos apartamentos onde vivem os norte-coreanos, que abrangem desde Pyongyang até a mais remota aldeia rural, são subsidiados à população pelo Estado – os moradores pagam somente um valor simbólico de 1% dos salários nominais para manterem os apartamentos. (2)

Sobre o sistema de saúde, também pudemos testemunhar os avanços feitos pelo socialismo da Coreia do norte nessa área. Nas palavras da Margharet Chan, diretora-geral da OMS, Organização Mundial da Saúde, que visitou a Coreia do norte no ano de 2010, o sistema de saúde do país é o melhor da Ásia, e um exemplo a ser seguido por todos os países desenvolvidos do mundo. A Coreia do norte também desenvolve inúmeros programas de vacinação que são elogiados por várias organizações internacionais de saúde –no ano de 1991, 99,5% da população já estava vacinada contra paralisia infantil, 99% da população já estava vacinada contra o sarampo e 97% já estava vacinada contra difteria, tétano e coqueluche. (3) Em termos de comparação com o período do colonialismo japonês, a situação é basicamente esta: em 1944, a cada mil crianças nascidas vivas, 204 morriam antes de completar cinco anos. Em 1991, na Coreia do norte, somente 9 em cada mil crianças nascidas vivas morriam antes de completar cinco anos, número este inferior a menos de metade da média brasileira, e muito menor do que a maior parte dos estados brasileiros. (4) Hoje em dia, a Coreia do Norte também desenvolve um programa de saúde que consiste em incentivar que, ao invés de os pacientes irem aos consultórios, os médicos vão às casas dos pacientes. 

Não precisamos sequer dizer o óbvio: a Coreia do norte que vimos com nossos próprios olhos é diametralmente diferente daquela que é mostrada na imprensa reacionária, que insiste em fazer sempre reportagens mentirosas sobre o país. Trataremos de apresentar aos nossos leitores, nas próximas palavras, o correto balanço da experiência coreana.

A COREIA COLONIAL E SEMIFEUDAL E A ASCENSÃO DA REVOLUÇÃO COREANA

A tensão que hoje se desenvolve na península coreana tem suas origens, como já foi sublinhado, no início do século XX. O período do início do século XX tem como característica principal a passagem do mundo para a etapa que Lenin classificava como a etapa do imperialismo e das revoluções proletárias. O capitalismo, que era antes o modo de produção característico de alguns poucos países desenvolvidos, como Inglaterra, França ou Alemanha, passa a se estender também os países atrasados. O mundo imperialista, assim, passa a se dividir em dois polos: de um lado, os países capitalistas, que concentram as grandes indústrias monopolistas, os grandes bancos do capital financeiro, e da exportação de capitais predominante sobre a exportação de mercadorias; do outro, os países coloniais, semicoloniais e dependentes, com suas economias dominadas pelo capital financeiro das potências imperialistas e pelas sobrevivências feudais, situadas no mundo como apêndices agrários dos países capitalistas, dedicados à exportação de produtos agrícolas e matérias-primas para as indústrias dos países imperialistas e à importação dos produtos industrializados produzidos pelas indústrias desses mesmos países.

 Charge mostra a pilhagem do imperialismo japonês sobre a Ásia

O Japão, no início do século XX, de antigo país feudal atrasado, passa a emergir no mundo como a mais nova potência imperialista. Inicia sua aventura expansionista por todo o Leste Asiático, passando a ocupar países mais fracos e coloca-los como esferas de influência política e militar e fontes de matérias-primas baratas para sua indústria em expansão. Em alguns poucos anos, ocupa a Malásia, Filipinas e Indochina. 

Patriotas coreanos são enforcados pelos tribunais japoneses
por se oporem à opressão do imperialismo japonês
Neste contexto, a Coreia é um dos países que também sucumbe à aventura militarista do Japão. Em 1910, o território coreano é anexado completamente pelo Império Japonês e passa a ser submetido a seu “Governo-Geral”. Com a anexação do território da Coreia, tem-se início um dos períodos mais sangrentos da história da nação coreana, com a escravização completa da população da Coreia pelo imperialismo japonês e pelo latifúndio feudal. 

A civilização coreana, com mais de cinco mil anos de existência, orgulha-se de já ter derrotado dezenas de tentativas de invasões estrangeiras por parte de todas as potências: Mongólia, China, Rússia, Japão e Estados Unidos. De 1592 a 1598, o Império Coreano derrotou uma ousada tentativa de anexação por parte do Império Japonês, apesar das manobras fracionistas por parte dos senhores feudais. Em 1866, o povo coreano rechaçou também a tentativa de invasão norte-americana, afundando o navio U.S. Sherman que havia saqueado a cidade Pyongyang. Todos os fatos mostram que o povo coreano trava há milênios uma luta por consolidar uma grande unidade nacional, com um povo extremamente patriótico. O imperialismo japonês, ao anexar o território da Coreia, privou o povo coreano daquilo pelo qual este havia lutado durante milênios: a soberania nacional, o direito à autodeterminação. Ao avançar sobre o território da Coreia, o Japão proibiu o povo coreano de exercer até mesmo seus mais elementares direitos democráticos e nacionais – organizações patrióticas e democráticas eram dissolvidas às milhares, com seus líderes presos e decapitados. O Império Japonês levava a cabo uma violenta campanha de colonização cultural e idiomática: proibia os coreanos de falarem seu próprio idioma, de terem sua própria cultura, seus próprios nomes. Os coreanos que não "japonizassem" eram presos e ficavam privados de vários direitos, como arrumar um emprego. O povo coreano era submetido à maior exploração, saque e humilhação por parte do imperialismo japonês. Dados hoje disponibilizados por institutos de história da Coreia do norte dão conta de mostrar que, de 1910 a 1945 (ano da libertação), mais de 6 milhões de coreanos foram escravizados para trabalharem em obras públicas do governo do Japão na Coreia, dos quais 1,5 milhão foram compulsoriamente transferidos para o Japão para também trabalharem como escravos em obras públicas (5). Ao todo, o número de coreanos escravizados equivalia a um quarto (!) da população coreana do período em questão. Cerca de 200 mil mulheres foram também sequestradas e transformadas em escravas sexuais do exército imperial japonês. (6)

Pintura coreana mostra o proletariado da Coreia brutalmente
explorado pelo imperialismo estrangeiro
O proletariado coreano era também brutalmente explorado pelo imperialismo japonês. Em 1936, o consumo de arroz de um operário coreano era inferior a um terço do consumo de um operário japonês. Também no mesmo ano, o salário de um operário coreano equivale a menos da metade do salário de um operário japonês, este em si já baixo. Sem direito a quaisquer leis que regulem sua jornada de trabalho, os operários coreanos trabalhavam como escravos assalariados de 12 a 16 horas nas fábricas e minas. (7)

As massas camponesas, que no ano de 1944 representavam 89% da população do país, estavam submetidas a uma desumana exploração ainda pior que a dos operários: não possuíam tratores nem quaisquer meios técnicos para melhorarem suas lavouras. Para produzirem, eram obrigadas a pagar aos latifundiários japoneses ou coreanos pró-japoneses pesadas taxas que muitas vezes chegavam a 80% da colheita. Devido a isso, a agricultura coreana ficava a mercê dos fatores puramente geográficos – secas, enchentes, períodos de nevascas, etc. geravam más colheitas e matavam, pela fome e pelo frio, milhões de camponeses coreanos. 

Na Coreia, não somente os operários e camponeses, como também a pequena burguesia e a burguesia nacional sofriam brutalmente com o domínio japonês. O capital japonês, que durante o ano de 1944 controlava mais de 90% da produção industrial coreana, entravava de sobremaneira o desenvolvimento da indústria nacional – as importações predatórias destruíam a produção da burguesia nacional e arruinavam os pequenos artesãos.

Destacamento do Exército Independentista Coreano

A situação pela qual passava o povo coreano, oprimido pelo imperialismo japonês e pelo feudalismo, demandava urgentemente o surgimento de uma vanguarda revolucionária que pudesse lhe guiar pelo caminho da libertação nacional e da democracia. Contudo, bem antes do surgimento de tal vanguarda, o povo coreano tentava já de maneira espontânea buscar o caminho para sua miserável situação: No início do século XX, foi fundado o Exército Independentista Coreano, que tinha como objetivo libertar o país do domínio japonês. Apesar de um objetivo correto, que mobilizava o povo coreano na luta anti-imperialista, o Exército Independentista não possuía um programa claro de luta – muitos em seu seio alimentavam ilusões de que o caminho para a libertação nacional era a restauração das antigas dinastias feudais, outros também possuíam ilusões de que a Coreia deveria seguir o mesmo caminho de desenvolvimento levado a cabo por países como Estados Unidos ou França. Além disso, o Exército Independentista não se preocupou em mobilizar as massas fundamentais do povo coreano que eram os operários e camponeses, e suas ações se limitavam a realizar pequenos atentados, como assassinatos seletivos de políticos japoneses. Como resultado de uma concepção de luta errônea, já no início dos anos 1930 o Exército Independentista estava praticamente liquidado pela repressão. 

O jovem movimento comunista coreano também não pôde avançar durante bastante tempo. O Partido Comunista da Coreia, fundado no ano de 1925, foi liquidado já em 1928 por rixas internas e pela repressão por parte do imperialismo japonês. Os comunistas de tal geração não encontraram o correto caminho a ser seguido pela Revolução coreana, que nas condições de um país dominado pelo imperialismo japonês, colonial e semifeudal, o caminho a ser seguido pelo povo era o da Revolução democrática, antiimperialista e antifeudal. 

Kim Hyong Jik

Foi Kim Hyong Jik, grande patriota e revolucionário coreano, um dos pioneiros no avanço do movimento patriótico e independentista anti-japonês. Kim Hyong Jik foi grande admirador do líder patriótico chinês Sun Yat Sen, e também do líder da Grande Revolução Socialista de Outubro, Vladimir Lenin. Em março de 1917, Kim Hyong Jik fundou a ANC (Associação Nacional Coreana), organização que tinha como programa lutar pela independência da Coreia através da mobilização e organização dos amplos setores populares do povo coreano: operários, camponeses, intelectuais revolucionários, pequenos comerciantes, artesãos e capitalistas nacionais não-compradores. 

A vitória da Revolução Socialista de Outubro de 1917, na Rússia, deu enorme ímpeto ao movimento nacional-libertador e anti-feudal na Coreia. Após a vitória da Revolução de Outubro, a ANC passa a ser uma organização que luta não somente pela independência da Coreia, como também pela Revolução proletária – Kim Hyong Jik, principal líder da ANC, entra para a história como o principal responsável por efetivar, na Coreia, a transição do primitivo movimento nacionalista para um movimento revolucionário proletário.

Porém, meses após a fundação e atuação na ANC, Kim Hyong Jik e seus companheiros são presos e brutalmente torturados nos cárceres do imperialismo japonês. Kim Hyong Jik morre em abril de 1926, com apenas 31 anos de idade, devido às terríveis torturas que sofrera na prisão. Será seu filho, Kim Il Sung, quem se consagrará como o líder máximo da Revolução coreana.

Em outubro de 1926, com apenas 14 anos de idade, Kim Il Sung funda a União para Derrotar o Imperialismo, primeira organização verdadeiramente Marxista-Leninista na Coreia. A “União”, fundada por Kim Il Sung, põe como objetivos prioritários lutar pela libertação nacional e pela independência da Coreia e propagar o Marxismo-Leninismo, e tendo como programa máximo construir o comunismo na Coreia e no mundo. A UDI mudará seu nome para União da Juventude Comunista um ano depois. Em 1930, com somente 18 anos de idade, Kim Il Sung funda na Manchúria (na época sob ocupação japonesa) o Exército Revolucionário da Coreia com o objetivo de iniciar a luta armada contra o imperialismo japonês. Na prática, o ERC funciona como braço armado da União da Juventude Comunista – anos mais tarde, o ERC será reconstituído como Exército Popular Revolucionário da Coreia, um disciplinado exército que aplicará a linha política da União da Juventude Comunista.

Kim Il Sung no período da fundação da UDI
Os anos 10, 20 e 30, que seguiram a fundação da Associação Nacional Coreana, da União da Juventude Comunista e do Exército Popular Revolucionário da Coreia serão marcados por memoráveis lutas do povo coreano. No ano de 1919, o povo coreano levou a cabo o histórico Levante Popular do Primeiro de Março. O Levante Popular do Primeiro de Março foi o divisor de águas entre o antigo movimento nacionalista coreano e o moderno revolucionário da classe operária: Com forte influência da Revolução Russa de 1917, todo o povo coreano se levantou para lutar contra a dominação do imperialismo japonês. Das 218 cidades da Coreia, 211 entraram em insurreição. Cerca de duas milhões de pessoas participaram do levante. Apesar da enorme repressão feita pelo imperialismo japonês contra o levante popular, onde 8 mil pessoas foram mortas, 16 mil foram seriamente feridas e 54 mil foram presas, o Levante Popular do Primeiro de Março preparou terreno para novos dias revolucionários que estavam por vir (8)

Exército Popular Revolucionário da Coreia, no período da luta armada anti-japonesa
No ano de 1936, por influência do VI Congresso da Internacional Comunista realizado no ano de 1935, que conclamava a necessidade de se estabelecer uma frente única internacional contra o fascismo, o líder Kim Il Sung funda a Associação para a Restauração da Pátria, com a intenção de se estabelecer uma ampla Frente Única Anti-Japonesa com todos os elementos patrióticos e anti-imperialistas da Coreia, como operários, camponeses, artesãos, intelectuais revolucionários, religiosos com sentimentos nacionais, pequenos capitalistas, capitalistas não-compradores com consciência nacional, e até mesmo latifundiários anti-japoneses para se levar a cabo as tarefas democráticas antiimperialistas e antifeudais na Coreia, como a nacionalização de todas as indústrias estrangeiras, nacionalização de todas as terras sob controle de latifundiários japoneses e pró-japoneses, cancelamento da dívida externa, abolição do sistema de impostos, liberdade de imprensa e de expressão, fim do trabalho escravo, estabelecimento da jornada diária de 8 horas e desmantelamento completo do exército imperialista japonês na Coreia, estabelecendo em seu lugar um exército popular revolucionário, assim como outras reivindicações democráticas.

O programa da Associação para a Restauração da Pátria tornou-se rapidamente popular entre o povo coreano, conquistando adeptos e novos comitês de apoio na Manchúria e em todo o norte da Coreia, transformando a ARP numa grande organização de massas anti-japonesa. Em poucos meses após sua fundação, a Associação para a Restauração da Pátria já possuía em suas fileiras mais de 200 mil militantes.

Após muitos anos de luta armada e batalhas do povo, com a intensificação das contradições sociais na Coreia e o fortalecimento do movimento revolucionário, a libertação da Coreia do jugo do imperialismo japonês estava por vir. Pela necessidade da libertação da Coreia, a Conferência de Moscou realizada em 1945 resolveu a questão da independência da Coreia e da liquidação do fascismo japonês. Foi feito um acordo entre as forças aliadas anti-fascistas de que a Coreia deveria ser libertada em conjunto pelos aliados – como foi resolvido, a parte norte seria libertada pela URSS e, a parte sul, pelos Estados Unidos. Contudo, como já foi falado, há muitos anos antes da realização da Conferência de Moscou, o Exército Popular Revolucionário da Coreia já vinha operando no país e levando a cabo a luta armada anti-japonesa. Dessa maneira, a partir do dia 9 de Agosto de 1945, dia em que a União Soviética, depois de ter derrotado a Alemanha nazista, declara guerra contra o Japão, o Exército Popular Revolucionária, que já vinha sendo liderado por Kim Il Sung, passa a operar em conjunto com o Exercito Vermelho soviético. Em menos de uma semana de combates, em 15 de agosto de 1945 a Coreia finalmente é libertada do jugo do imperialismo japonês. Após a libertação do norte da Coreia, foi formado nessa região um novo governo provisório de tipo democrático-popular sob a direção e hegemonia da classe operária. O novo governo deu conta de liquidar o feudalismo e realizar reformas democráticas que liquidassem os danos causados pelos 40 anos de dominação japonesa na Coreia. Os operários e camponeses no norte do país se organizavam em comitês populares e prosseguiam a marcha ascensional na luta pela consolidação da democracia e pela futura construção do socialismo e do comunismo. O Exército Popular Revolucionário da Coreia foi reorganizado de maneira regular como Exército Popular da Coreia, onde os antigos guerrilheiros passaram a ser quadros integrantes das novas forças armadas regulares. Em 1945, é fundado o Partido do Trabalho da Coreia através da união do antigo recém-fundado Partido Comunista da Coreia do Norte com o Partido de Nova Democracia.

A NOVA COREIA DEMOCRÁTICA E A LUTA CONTRA O IMPERIALISMO NORTE-AMERICANO

Kim Il Sung realiza discurso numa manifestação de massas em Pyongyang, por ocasião da libertação
da Coreia do imperialismo japonês. Atrás, estão generais do Exército Vermelho da URSS,
a quem o povo coreano de todo coração agradece pela ajuda prestada em sua luta nacional libertadora
Pondo na prática a ideia da libertação conjunta da Coreia ao norte pela União Soviética e ao sul pelos Estados Unidos, formaram-se, respectivamente, o Governo Popular Provisório da Coreia do Norte e o Governo Provisório da Coreia do Sul, numa época em que a divisão da Coreia ainda não estava formalizada.

A Conferência de Moscou de 1945 previa também a evacuação de todos os exércitos estrangeiros da Coreia num prazo de 5 anos e a realização de eleições conjuntas norte-sul para a constituição de um governo unificado. Obedecendo ao acordo, a União Soviética retirou todas as suas tropas da Coreia do norte no ano de 1948. O mesmo não foi obedecido pelos Estados Unidos, que mantém suas tropas ocupantes na Coreia do Sul até os dias de hoje. A evacuação das tropas não foi o único ponto da conferência desrespeitado pelos Estados Unidos: O Governo Provisório da Coreia do Sul, já um mero fantoche nas mãos dos Estados Unidos, fizeram proceder eleições separadas na Coreia do Sul em 10 de maio de 1948, e em 31 de Maio de 1948 legalizaram um Estado fantoche com o nome “República da Coreia”, que pretendia representar toda a península. Como vemos, foram tais “eleições” fraudulentas, encomendadas pelo Departamento de Estado dos EUA, que originaram a divisão da Coreia, divisão esta que permanece e que sendo até os dias de hoje a principal fonte do conflito.  Em resposta às manobras feitas pelo imperialismo norte-americano e seus fantoches da Coreia do sul, o governo do norte da Coreia foi obrigado a organizar suas eleições separadas, também, em 25 de agosto de 1948, fundando em 9 de setembro do mesmo ano a República Democrática Popular da Coreia.

A situação da Coreia do sul era o extremo oposto da situação do norte da Coreia. Como um soldado norte-americano comentou nas suas memórias que escreveu após alguns anos servindo na Coreia do Sul, o objetivo dos Estados Unidos (que entrou no sul da Coreia em 8 de setembro de 1945) não era libertar ninguém, nem lutar pela democracia. O propósito dos agressores imperialistas norte-americanos, ao contrário, era instaurar um regime fantoche que pudesse satisfazer seus interesses e impedir que o povo do sul da Coreia seguisse no caminho do socialismo. Era fazer com que o sul da Coreia se convertesse em base militar estratégica para a anexação do Norte socialista e para a agressão do Leste Asiático. Mais especificamente, para agredir a União Soviética, China, Mongólia, Vietnã e outros países outrora de democracia popular na região.

Os Estados Unidos, para impedirem o povo sul-coreano de seguir no caminho da libertação (afinal, os operários e camponeses do sul da Coreia já começavam a fundar comitês populares, seguindo o exemplo do norte libertado), assassinaram diversas lideranças democráticas e patrióticas, dissolveram comitês populares à força e arrastavam estudantes à força para formarem um novo exército fantoche para a agressão contra o norte da Coreia.

O novo regime fantoche, sob a direção do ditador de extrema-direita Syngman Rhee, estabeleceu um gigantesco aparato burocrático-prisional, decretou milhares de leis fascistas e pôs na ilegalidade, partidos e organizações democráticas, tendo como pretexto justamente tais leis. No período de 1948 a 1949, mais de 140 mil sul-coreanos foram assassinados sob o pretexto de “subversão”, “colaboração com o inimigo”, ou de estarem levando a cabo ações de guerrilha. 150 mil casas também no período de 1948 a 1949 foram incendiadas pelo exército pró-imperialista de Syngman Rhee, sob o pretexto de estarem sendo feitas para reprimir guerrilheiros partisans. 

A Lei de Segurança Nacional, decretada no ano de 1948 pelo regime fascista sul-coreano, estabelecia como ilegais quaisquer “atividades anti-Estado e subversivas” – pessoas enquadradas na Lei de Segurança Nacional, segundo o último artigo da LSN revisado em 2001, podem pegar desde cinco anos de prisão até a pena de morte, conforme a gravidade dos “crimes” cometidos. A LSN, além disso, proíbe também “atividades que favorecem o inimigo” – ter contato com pessoas da RPDC, fazer propagandas que apoiem o sistema da socialista da RPDC, que apoiem a reunificação pacífica da Coreia ou mesmo visitar a RPD da Coreia por conta própria constituem delitos graves para o regime sul-coreano. Segundo o jornal Minju Choson, desde 1948, mais de 8400 organizações democráticas e partidos políticos foram postas na ilegalidade. Entre eles, o Partido Comunista da Coreia e o Partido Revolucionário pela Reunificação (atual Frente Democrática Nacional Antiimperialista da Coreia do Sul). 

Justo em tal período, o da vigência da “Doutrina Truman” nos Estados Unidos, que determinava levar a cabo a política do “roll-back” anti-comunista, o governo norte-americano começa a planejar sua aventura militarista para invadir a República Popular Democrática da Coreia e escravizar o seu povo, contando para isso com a ajuda do imperialismo japonês e de seu regime fantoche na Coreia do Sul. Para o governo norte-americano, era importante não só impedir a crescente influência do socialismo no mundo – ele também sabia que uma nova guerra lhe permitiria sair da grave crise que enfrentava no período 1948-1949, e que uma nova guerra significaria mais investimentos em todos os setores da economia. Caso fosse possível, não bastaria para os Estados Unidos levar a cabo uma guerra de agressão somente contra a Coreia do norte – ao contrário, ela deveria ser estendida também contra a China, a Mongólia, a União Soviética e todos os demais países socialistas da região, causando se possível uma terceira nova guerra mundial.

Mostrando de maneira explícita sua vontade de iniciar uma nova guerra de agressão, os Estados Unidos, longe de mostrarem qualquer telha de intenção de retirarem suas tropas ocupantes da Coreia do sul, passaram a introduzir os mais modernos artifícios militares no sul da Coreia, a militarizarem cada vez mais a economia da Coreia do sul e fazerem uma massiva propaganda anti-comunista com o intuito de agredir o norte. 

Foster Dulles inspeciona o paralelo 38 junto a
fantoches sul-coreanos
Poucos dias antes da agressão, em 17 de junho de 1950, Foster Dulles foi inspecionar o paralelo 38 com o propósito de invadir a Coreia do norte. Com efeito, na madrugada do dia 25 de Junho de 1953, a Coreia do sul lançou um ataque surpresa contra o território a norte do paralelo 38. No dia 26 de Junho de 1953, um dia após o início da invasão contra o norte pela Coreia do sul, o Presidente Kim Il Sung fez um histórico discurso chamando todo o povo a se levantar como um só pela vitória na guerra, para que o povo do norte da Coreia aproveitasse o ataque dos sul-coreanos e fizesse um contra-ataque geral para libertar o povo de toda a península da Coreia da ocupação norte-americana, e estabelecer a República Popular Democrática da Coreia em toda a península. No mesmo dia do discurso histórico do Presidente Kim Il Sung, os Estados Unidos entraram na guerra enviando seus aviões para bombardear a Coreia do norte. 

Apesar da entrada dos Estados Unidos na guerra, o Exército Popular da Coreia foi capaz de realizar poderosas ofensivas contra os norte-americanos e o exército títere sul-coreano. Com efeito, pouco depois do dia 30 de junho, o Exército Popular da Coreia já havia libertado mais de 90% do território da Coreia do sul e 92% da população sul-coreana do jugo do imperialismo norte-americano e do regime de Syngman Rhee. O Exército Popular causou contundentes baixas contra os reacionários, aniquilando mais de 60 mil soldados norte-americanos ou sul-coreanos. Nas regiões libertadas pelo Exército Popular da Coreia, os comitês do poder popular eram restaurados e as reformas democráticas eram realizadas – mesmo em meio à turbulência da primeira etapa da guerra, de junho de 1950 a setembro de 1950, o Partido do Trabalho da Coreia realizou nas regiões libertadas da Coreia do sul uma profunda reforma agrária, distribuindo 570 mil hectares de terra para cerca de 1,2 milhão de camponeses. Através de tais medidas, o Partido do Trabalho da Coreia conquistava amplo apoio das massas da Coreia do sul. (9)

Contudo, no mesmo mês de setembro, o Exército Popular da Coreia foi obrigado a realizar uma retirada temporária, devido ao contra-ataque que seria realizado pelos Estados Unidos, desta vez com os exércitos fantoche de 15 países satélites seus. O contra-ataque no período da segunda etapa da guerra feito pelos norte-americanos arrasou milhares de vilas rurais norte-coreanas e martirizou milhares e milhares de habitantes, entre idosos, mulheres e mesmo crianças. Quando os Estados Unidos iniciaram a bombardear não apenas o território da Coreia do norte como também regiões da República Popular da China (nesta ocasião, os imperialistas norte-americanos já haviam ocupado todo o território da Coreia do norte), o Presidente Mao Tsé-Tung, líder da Revolução Chinesa e da República Popular da China, ordenou o envio de 1 milhão de soldados do Exército Voluntário do Povo Chinês para combaterem na República Popular Democrática da Coreia, com a tarefa de ajudar o povo coreano em sua luta libertadora. No intento de proteger a soberania da nação chinesa, seu território, prestar a fraternal ajuda internacionalista ao povo revolucionário coreano e salvaguardar a integridade da União Soviética e de outros países socialistas do Oriente, os 1 milhão de soldados do Exército Voluntário do Povo Chinês entram na guerra sob o slogan "Resistir à Agressão Norte-Americana, Ajudar a Coreia, Proteger nossos Lares e defender o País", no dia 25 de outubro de 1950. A partir de então, o Exército Popular da Coreia passa a guerrear através de operações conjuntas com o Exército Voluntário do Povo Chinês. A Guerra de Libertação da Pátria entrava numa nova etapa de contra-ofensiva contra as forças fantoches e imperialistas.

Imagem mostra delegados chineses e coreanos numa reunião no período da Guerra da Coreia. Acima,
estão retratos do camarada Stálin, Kim Il Sung e Mao Tse Tung, líderes da União Soviética,
Coreia Popular e China Popular, respectivamente

Na contra-ofensiva contra o sul, o Exército Popular da Coreia e o Exército Voluntário do Povo Chinês seguiam gradualmente libertando as regiões anteriormente ocupadas pelo inimigo. As tarefas mais candentes que se deparavam ante o Partido do Trabalho da Coreia, que dirigia simultaneamente o Exército Popular da Coreia e o Exército Voluntário, era reconstruir a economia das regiões libertadas destruída pelas forças inimigas, e reorganizar as organizações e comitês partidários, cujas lideranças foram sistematicamente exterminadas pelos inimigos imperialistas. 

Tal período de contra-ofensiva contra o inimigo no período de fins de 1950-1951 forjou na tempera do combate e da luta revolucionária os melhores filhos dos povos coreano e chinês, cujos méritos e heroísmos devem ser lembrados e exaltados eternamente por todos os combatentes da grande causa democrática e antiimperialista do mundo. Fazendo tudo o que podia para sabotar as conversações de armistício iniciadas em 10 de julho de 1951, os imperialistas norte-americanos fizeram sua "ofensiva de outono" contra o EPC e o EVPC. Os memoráveis combates da "Batalha da Altitude 1221" e "Batalha da Altitude 1052" foram travados. Nestes dois, os inimigos derrubaram cerca de 30 mil a 40 mil bombas diariamente contra as posições dos combatentes coreanos e chineses. Contudo, o EPC e o EVPC defenderam heroicamente a posição conforme fora ordenado pelo General Kim Il Sung. Não apenas resistiram, como causaram golpes ainda mais contundentes contra o imperialismo norte-americano e todas suas tropas lacaias.

A Guerra de Libertação da Pátria foi considerada a primeira derrota militar da história do até então todo-poderoso imperialismo norte-americano. Ao final desta, o Exército Popular da Coreia e o Exército Voluntário do Povo Chinês causaram, de junho de 1950 a julho de 1953, no total, 1.093.839 baixas contra o inimigo, entre mortos, feridos e aprisionados, dos quais 397.543 eram do exército imperialista norte-americano, 667.293 do exército títere sul-coreano, e 29.003 de outros países. Vastas quantidades de equipamento militar foram destruídas ou capturadas. (10)

Em 27 de julho de 1953, foi assinado um Tratado de Armistício que pôs fim à agressão aberta do imperialismo norte-americano e dos militaroides títeres sul-coreanos contra a República Popular Democrática da Coreia, a República Popular da China e demais países socialistas. Iniciar-se-ia, a partir daqui, uma nova etapa da Revolução Coreana, isto é, da construção socialista mediante a reconstrução pacífica da economia do país e da luta pela reunificação pacífica da Coreia.

(1) HUI, Kim Yong. Successful Solution of Tax Problem in Korea. Pyongyang: Foreign Languages Publishing House, 1990, p. 8.

(2) SURET-CANALE, J.; VIDAL, J. E. A República Popular Democrática da Coreia. Lisboa: Editorial Estampa Ltda., 1977, p. 10.

(3) The Blessed Younger Generation. Pyongyang: Kyowon Sinmun, 1992, p. 10.

(4) Op. cit., p. 12.

(5) HYON, Ri Jong. Japan's War Crimes: Past and Present. Pyongyang: Foreign Languages Publishing House, 1999, p. 151.

(6) Op. cit., p. 144.


(8) Democratic People's Republic of Korea. Pyongyang: Foreign Languages Publishing House, 1958, p. 59.

(9) Op. cit., p. 96.

(10) Op. cit., p. 107.