Contra a RPDC a guerra fria não acabou
Por Rosanita Campos - Jornal Hora do Povo
É um atentado à inteligência dos leitores o que disse em editorial um dos monopólios de mídia no Brasil a serviço dos interesses dos EUA. O jornal afirma que “guerra fria terminou em 1991, mas a Coreia do Norte parece não ter se dado conta do fato” e “é um país fechado” referindo-se ao fato da República Popular Democrática da Coreia manter no país o sistema socialista que o jornal considera anacrônico.
Bem, se o jornal acha que o socialismo é anacrônico, tem todo o direito de achar, só não tem o direito de querer impor que o mundo inteiro pense igual. Conviver com pensamentos diferentes é um princípio democrático que deve ser respeitado. Também não vale mentir.
Anacrônica é a análise que o jornal apresenta sobre a RPDC que, ao que tudo indica, não conhece. Anacrônico é querer que um país socialista não tenha o direito à autodeterminação e à soberania como qualquer outro país apenas pelo fato de seu regime de governo, escolhido por seu povo, não ser do agrado ou da conveniência dos EUA e seus satélites com quem o jornal bajulador de ditaduras capitalistas mantém um alinhamento político automático sem nenhuma independência. Além do mais a Coreia socialista não é um país fechado aos amigos da Coreia, e só não é mais aberto graças à hostilidade dos EUA que tentam isolar a Coreia para melhor poder mentirosamente incriminá-la, difamá-la e chantageá-la, ao mesmo tempo em que tentam proibir o comércio exterior e impor sanções políticas e econômicas com o objetivo de asfixiar economicamente o país.
Não é a RPDC “que não se deu conta” de que a guerra fria acabou, pois a guerra fria não acabou. Em relação à RPDC foram os EUA que mantiveram um estado de guerra permanente apesar de que desde o fim da guerra de agressão que os EUA cometeram contra a Coreia em 1950 e que terminou com um armistício em 1953 o então Presidente da RPDC, Kim Il Sung, propôs por várias vezes que o armistício assinado fosse substituído por um tratado de paz definitiva que permitisse a criação de um ambiente mais tranquilo e de paz na Península Coreana. Tal proposta da RPDC jamais foi aceita pelos EUA que, ao contrário, além de manter suas tropas com arsenais nucleares no sul da Coreia vem realizando, entra ano sai ano, uma série de provocações militares utilizando os sul-coreanos na fronteira com a RPDC. Além disso, o país com mais armamentos nucleares no mundo, os EUA, vêm se utilizando desavergonhadamente de pressões contra a comunidade internacional, a ONU e seus organismos para atacar a RPDC e lhe impor sanções injustas por este país defender seu direito de existir, sua integridade territorial, sua soberania enquanto nação livre.
As atuais sanções impostas pela ONU sob mando dos EUA não têm nenhuma razão de ser na medida em que o pretexto utilizado foi um programa científico aeroespacial para fins pacíficos e um programa de autodefesa nuclear, direito de qualquer país que não pode ser questionado por nenhuma potência nuclear, e portanto, segundo os princípios do direito internacional não são passíveis de sanções.
Quem vive sob ameaça não tem outra coisa a fazer que não seja se defender, e é isso que a RPDC está fazendo. Quem tem imposto sanções e feito uma política extremamente hostil contra a RPDC são os EUA com a participação de sul-coreanos e seus aliados. Essas provocações chegaram à histeria quando em dezembro a RPDC usou seu direito internacionalmente reconhecido para lançar com sucesso um satélite para usar em pesquisas científicas e com isso promover avanços tecnológicos para melhorar a vida do povo de seu país.
É falsa e parcial a acusação dos monopólios de mídia pró-EUA de que é a Coreia quem faz provocações. Não fosse as ameaças, inclusive nucleares, que vem sofrendo desde o fim da guerra da Coreia em 1953, não teria sido necessário que a RPDC prosseguisse com seu projeto nuclear autodefensivo e realizasse também com sucesso os recentes testes nucleares. Foi necessário criar um poder dissuasório para barrar uma nova guerra. O governo da RPDC tem corretamente afirmado que a culpa do país ter que fazer grandes esforços em pesquisas nucleares para sua autodefesa e dissuasão da guerra é inteiramente dos EUA. Não fosse as permanentes hostilidades e ameaças nucleares por parte dos EUA, a RPDC poderia empenhar, como preferiria, seus esforços em outras áreas do desenvolvimento econômico e social do país. Mas defender-se não tem sido uma escolha, mas uma necessidade.