terça-feira, 8 de novembro de 2016

Recentes desastres naturais exigem irrestrita solidariedade internacionalista do povo brasileiro à Coreia Popular



Queridos amigos e amigas, companheiros e companheiras, camaradas, simpatizantes e leitores, saudações fraternas a todos que leem a presente carta.

O documento que aqui apresentamos a vocês, genuínos internacionalistas e amantes da paz democrática, da solidariedade e fraternidade entre os povos, não é escrito diante de uma conjuntura internacional favorável, mas diante de uma conjuntura internacional marcada pela intensificação dos ataques dos agressores imperialistas norte-americanos contra os povos.

AVANÇANDO O TRABALHO DA SOLIDARIEDADE INTERNACIONAL
 Todos vocês já conhecem nosso trabalho de solidariedade intransigente  à RPDC, socialista, que se desenvolve de forma contínua, com ascensos ou refluxos, desde o ano de 2010. A partir de então, temos tido sucessos formidáveis no sentido de propagandear a política do Partido do Trabalho da Coreia, divulgar o socialismo Juche da Coreia Popular em seus diversos aspectos relacionados à construção econômica, social, política e cultural. Tivemos a oportunidade de visitar a Coreia socialista duas vezes, nos anos de 2011 e 2012. Por meio de nosso blog Solidariedade à Coreia Popular e de nosso Centro de Estudos da Ideia Juche (fundado em 2011), realizamos dezenas de palestras sobre a Coreia socialista em quatro estados brasileiros - São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e Pernambuco -, onde fomos calorosamente recebidos por centenas e até mesmo milhares de trabalhadores e estudantes. Como resultado deste trabalho inicial por nós realizado, nos últimos seis anos a Coreia socialista recebeu milhares de novos entusiastas e apoiadores, num contexto onde antes de se fundar este movimento específico de solidariedade à Coreia, apenas alguns poucos partidos políticos e movimentos davam seu apoio aberto ao país socialista.

COREIA POPULAR AMARGA DESASTRES NATURAIS SEM PRECEDENTES
Atualmente, o povo coreano necessita da mais contundente solidariedade dos melhores filhos e filhas do povo brasileiro, que estes façam suas mais sinceras demonstrações de internacionalismo. Desde o início do mês de setembro, particularmente na parte norte do território da Coreia socialista, vem-se passando por um sem número de desastres naturais, como enchentes causadas por temporais e pesadas chuvas, furacões e tornados que já causaram desastres incontáveis para o povo coreano residente não apenas nas áreas urbanas, mas principalmente rurais. Segundo a Agência Central de Notícias da Coreia (KCNA), os desastres naturais e as perdas econômicas e sociais são as piores desde o período da libertação do país do jugo do imperialismo japonês desde meados da década de 1940.

Ao todo, segundo levantamentos mais recentes feitos pelas autoridades norte-coreanas, as perdas já atingem as seguintes espantosas cifras (dados fornecidos pela Embaixada da Coreia socialista em Brasília):

- Principal zona afetada: Norte da província de Hamgyong do Norte
- Distritos mais afetados: Musan, Yonsa, Hoeryong, Kyongwon, Kyonghumg, Onsong.
- Total de pessoas afetadas - 116.300 pessoas
- Perdas humanas: 538 pessoas (entre 138 mortos e 400 desaparecidos)
- Moradias: 16.513 edifícios onde residiam 29.839 famílias (6.916 edifícios de 11.606 famílias destruídos completamente; 5.406 edifícios de 11.283 famílias destruídos parcialmente; 68.990 pessoas sem teto)
- Perda de terras agricultáveis: 27.411 hectares, ao todo (entre 10.345 hectares de lavouras de arroz e 12.402 hectares de lavouras de milho, assim como 4.664 hectares de outros cultivos)
- Estradas danificadas: 98.5 km em 183 localidades diferentes
- Queda de pontes: perdas avaliadas em 1,8 km de pontes em 66 localidades diferentes
- Queda de um dique de uma central hidráulica: 1 dique de 150 metros
- Destruição de diques fluviais: 60 km em 150 diferentes localidades
- Canais agrícolas destruídos: 28 km
- Perdas de vagões ferroviários: 497 metros de vagões em 103 localidades
- Destruição de edifícios produtivos: 69 edifícios, numa área total de 23,7 km²
- Destruição de edifícios de escolas de ensino fundamental e médio: 36 edifícios, numa área total de 11 km²
- Destruição de edifícios de jardim de infância: 11 edifícios, numa área de 2,6 km²
- Destruição de edifícios de creche: 1 edifício, numa área de 980 m²
- Destruição de edifícios clínicos e hospitalares: 21 edifícios, numa área total de 5,6 km²

Estes números alarmantes mostram a grande destruição causada na vida de centenas de milhares de filhos do povo norte-coreano. Contudo, esta destruição não se limita a ser consequência do acaso ou das meras adversidades da natureza. Ao contrário, o efeito destrutivo destas é catalisado pelas políticas genocidas de cerco e aniquilamento, provocações militares e sanções comerciais promovidas pelo imperialismo norte-americano em conjunto com países satélites seus, como Japão, Coreia do Sul e outros pertencentes ao bloco imperialista União Europeia-OTAN. Sob a bota desta política criminosa dos verdugos imperialistas dos povos, o povo coreano é impedido de importar e/ou transferir para sua economia tecnologias modernas indispensáveis ao desenvolvimento econômico, incluindo aquelas necessárias para impedir este tipo de tragédias naturais. Diante da atual época do imperialismo, onde praticamente toda a economia e a produção mundiais se encontram sob o controle absoluto de círculos financeiros norte-americanos e europeus, consegue-se assim impor sobre a Coreia socialista enormes dificuldades para desenvolver o comércio até mesmo com dezenas e centenas de países do mundo que sequer se encontram diretamente envolvidos na dita "Questão Nuclear Coreana". Todas as vezes em que a Coreia Popular, heroicamente, rompe as amarras do bloqueio imperialista genocida e desenvolve, por suas próprias forças, tecnologias capazes de vencer ou amenizar estes problemas de ordem natural, é cínica e barbaramente criminalizada pelo imperialismo com sanções comerciais ainda mais rígidas, e demonizada aos quatro cantos do mundo pela indústria anticomunista tão vigente quanto nunca entre os cartéis mundiais da imprensa quando se trata de criminalizar a República Popular Democrática da Coreia. Lembram-se do ano de 2012, quando em abril deste ano a Coreia socialista lançou o satélite artificial Kwangmyongsong-3 que não entrou em órbita? Um satélite com fins de desenvolvimento econômico e social, que permitiria à Coreia do norte fazer estimativas mais precisas de questões meteorológicas, racionalizar ainda mais a alocação de recursos na produção rural e, inclusive, evacuar com antecedência populações de áreas que poderiam ser afetadas por tais desastres naturais, foram vendidos na imprensa suja do imperialismo norte-americano como um míssil nuclear que, segundo estes alunos autênticos das escolas de propaganda hitleristas, faria parte de um plano do "recém empossado" "ditador" Kim Jong Un para destruir o mundo, a paz e a democracia. As aves de rapina do imperialismo norte-americano abrem suas asas e jogam no lixo o discurso fascista e demagógico sobre a "paz e a democracia" quando se trata derrubar governos socialistas ou democrático-nacionais. Matar o povo coreano pelas balas, pelas secas, enchentes, esgotá-los pela fome ou pela sedução, é o que faz o imperialismo norte-americano, este sim o inimigo número um dos povos, da paz e da democracia, em sua política agressora, reacionária e anticomunista. Lembram-se de Cuba, na década de 90, quando os Estados Unidos arregimentavam conhecidos bandidos, criminosos, assaltantes e estupradores expulsos de Cuba em milícias para colocarem bombas em hotéis cubanos e assassinarem turistas estrangeiros com o fim de impedir que Cuba desenvolvesse o turismo? O mesmo está sendo feito agora, com a Coreia socialista, mas numa escala centenas de vezes mais destruidora e agressiva, pois quem atualmente está morrendo não são dois ou três turistas estrangeiros, mas centenas e centenas de cidadãos norte-coreanos, em mortes que poderiam ser realmente evitadas caso não se mantivesse de pé a deplorável política de bloqueio econômico.

COMO O BRASIL SE POSICIONA DIANTE DE TÃO DEPLORÁVEL SITUAÇÃO?
Durante os anos do Governo Lula, alguns avanços tímidos foram feitos no que diz respeito à política externa de relação com a República Popular Democrática da Coreia. Em 2005, a RPD da Coreia abriu pela primeira vez sua embaixada em Brasília, enquanto que o Brasil, no ano de 2009, abriu sua embaixada em Pyongyang, desenvolvendo em pleno contexto de "guerra nuclear" anti-RPDC conversas bilaterais com o país nos sentidos econômico e político. No ano de 2010, ainda que simbolicamente, o Brasil enviou para a RPDC cerca de 16 mil toneladas de grãos por conta de enchentes que ocorreram, também na época, em áreas rurais do país. Obviamente, este gesto puramente simbólico foi recebido pelos reacionários locais da velha imprensa, verdadeiros paus-mandados do imperialismo norte-americano, como uma tentativa de sustentar um "Estado que apoia o terrorismo" e que poderia vir a comprometer, absurdamente, inclusive o próprio abastecimento interno brasileiro de grãos (!). Os tímidos avanços feitos nesta época foram sendo jogados gradualmente por terra, nos últimos cinco anos, e particularmente após o Golpe de Estado que derrubou o governo de Dilma Rousseff, neste ano de 2016. O Ministério de Relações Exteriores (MINREX) brasileiro possui agora à sua frente José Serra, nada mais que um boneco das companhias imperialistas que, não bastando o saque e a pilhagem que estão promovendo sobre o povo brasileiro, buscarão afastar nosso país cada vez mais de tudo que possa cheirar minimamente como algo de progressista em termos de política externa e, portanto, da solidariedade ao povo irmão neste momento tão difícil de sua história.

Não obstante a existência, ao longo de nossa história, de inumeráveis dirigentes políticos completamente descomprometidos com o destino do país, o bravo povo trabalhador brasileiro jamais deixou de prestar sua solidariedade aos povos em luta. Ainda que a propaganda específica acerca do socialismo norte-coreano seja algo recente em nosso país, não o é a solidariedade internacionalista. A partir de fins da década de 1940, tem início nos Estados Unidos a deplorável "Doutrina Truman" - em alusão ao ex-presidente norte-americano da época, Harry Truman -, que marca o recrudescimento da agressão do imperialismo norte-americano contra os povos. Sob orientação de tal doutrina, os Estados Unidos iniciam em meados do ano de 1950 - contando com o apoio do "governo" satélite sul-coreano, criado exclusivamente com o fim de destruir e anexar a Coreia socialista, e com o apoio também de um "presidente" boneco, o ditador Ri Sin Man, que recebeu treinamento político anticomunista na Califórnia - a famosa "Guerra da Coreia", de agressão contra o povo revolucionário do norte da península. Para tal guerra de agressão, o Brasil foi também convocado pelo imperialismo norte-americano a figurar entre os 14 "países satélites" que enviaram tropas de soldados para morrerem pelos bilionários e magnatas da indústria bélica dos Estados Unidos na agressão à Coreia. O general fascista Eurico Gaspar Dutra, que na época governava o Brasil e era extremamente submisso às intenções monstruosas do imperialismo norte-americano nos planos interno e externo, planejou enviar 20 mil soldados brasileiros para morrerem pelos capitalistas na Guerra da Coreia.

O povo brasileiro, então, soube responder à altura a provocação fascista de Gaspar Dutra. O então PCB - Partido Comunista do Brasil organizou um amplo movimento democrático e pela paz, mobilizando milhares de pessoas a se oporem ao envio de tropas brasileiras à Guerra da Coreia. Este movimento foi apoiado de forma unânime pelas forças democráticas internacionais da época, que estavam organizadas então em torno do Conselho Mundial da Paz. Nas comemorações de 7 de setembro de 1950, a militante comunista Elisa Branco foi presa e condenada a três anos de prisão por estender diante de soldados que marchavam uma faixa que carregava a seguinte palavra de ordem: "Os soldados, nossos filhos, não irão para a Coreia!" Elisa passou a figurar entre o movimento democrático internacional como um verdadeiro símbolo da luta contra as guerras imperialistas e pela paz democrática. Por volta da mesma época, numa ação coordenada pelo militante comunista Dynéas Aguiar, centenas de militantes do movimento pela paz ocuparam o saguão da Rede Diários Associados e escreveram nas paredes diversas palavras de ordem contra o envio de tropas brasileiras para a Guerra da Coreia. O magnata da imprensa Assis Chateaubriand, então dono da Diários Associados, promovia pessoal e diariamente em sua imprensa o envio de brasileiros para a agressão contra o povo coreano na Guerra da Coreia, ao lado dos imperialistas norte-americanos. Na ocasião da ação, um boneco de Chateaubriand foi também queimado. Como resultado das grandes mobilizações dirigidas pelo PCB, o Brasil terminou impossibilitado de enviar tropas suas para a Coreia para lutar em uma guerra imperialista de agressão.

Os fatos mostram a grande necessidade de se retomar o espírito democrático e internacionalista das velhas gerações de combatentes da luta popular, tendo-a como verdadeiro exemplo em nossa prática de solidariedade ao povo coreano.

ORGANIZEMOS UMA AMPLA CAMPANHA DE SOLIDARIEDADE AO POVO COREANO E ARRECADEMOS GRANDES FUNDOS PARA A RECONSTRUÇÃO DAS ÁREAS AFETADAS
Devido às iniciativas de mobilização de outros movimentos, partidos políticos e entidades, felizmente não estamos sozinhos nesta luta. Grandes movimentos de massas como a Central dos Movimentos Populares - CMP, Movimento dos Pequenos Agricultores - MPA, Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra - MST, Central Única dos Trabalhadores - CUT e outros já estão organizando a arrecadação de fundos para a reconstrução das áreas afetadas pelas enchentes e demais desastres naturais na Coreia.

Atualmente, o Exército Popular da Coreia e o povo trabalhador coreano desenvolvem a Campanha dos 200 Dias para reconstruir as áreas afetadas e retomar a produção. Trabalhando todos os dias, os soldados e o povo estão caminhando a passos largos para a restauração da economia nas regiões afetadas. Porém, ainda precisam da ajuda indispensável do movimento democrático internacional. Atualmente, na atual etapa de reconstrução, carecem principalmente de telhas para cobrir as casas afetadas. Segundo dados passados a nós diretamente pela embaixada da RPDC em Brasília, cada metro quadrado de telha poderia ser comprado pelo equivalente a US$ 3. Cerca de R$ 700 (a moeda nacional, brasileira) já seriam suficientes para se cobrir uma casa. Portanto, baseados em tais critérios, construímos as metas para nossa campanha.

De início, os movimentos disponibilizaram a seguinte conta para doações:

Banco do Brasil
Ag.: 1606-3
C/C: 46656-5
Embaixada da República Popular Democrática da Coreia

Pede-se que após a doação, esta seja registrada via e-mail solidariedadecoreia@gmail.com


Em breve, o Centro de Estudos da Ideia Juche Brasil, conjuntamente com outras organizações e movimentos, realizará atividades para arrecadar fundos para esta campanha que está lançada a partir de agora.