A República Popular Democrática da Coreia (RPDC, ou Coreia do Norte) mais uma vez realizou um teste nuclear em seu país. E, mais uma vez, ecoa no globo a voz de líderes de todo mundo que reagem ao teste.
Escrevi há algum meses que o território norte-coreano deveria constituir uma espécie de Triângulo das Bermudas; ao invés de desaparecer com aviões e embarcações, no entanto, revela a hipocrisia dos líderes de todo mundo a cada ação tomada pelo seu governo.
Pois bem; o estranho efeito mais uma vez se repete. O presidente norte-americano Barack Obama, por exemplo, classificou o teste como uma ação “desestabilizadora e provocativa” que serve “para isolar e empobrecer” o povo norte-coreano (enquanto prometia novas sanções contra o país; o que deve empobrecer o povo norte-coreano). O Secretário de Defesa dos EUA, Ashton Carter, disse que o desenvolvimento de armas nucleares norte-coreanas “é responsabilidade da China”, e que são os chineses quem agora devem revertê-lo.
A presidente da Coreia do Sul, Park Geun-Hye, disse que o teste foi um “ato de autodestruição” que expõe a “imprudência maníaca” de Kim Jong-un.
O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, também condenou o teste, dizendo que “em vez de buscar armas nucleares e de tecnologia de mísseis balísticos, a Coreia do Norte deveria promover o bem-estar das pessoas do país.”
Dada a propagação ininterrupta de campanhas de propaganda contra o país, estamos acostumados a ver a Coreia do Norte como um país governado por loucos megalomaníacos que, a qualquer momento, podem converter o planeta em pó. A realidade, no entanto, é muito mais complexa.
Estudar a história do país, da Guerra da Coreia e do desenvolvimento nuclear na região, por exemplo, já basta para entender isso.
Libertação
A Península Coreana viveu sob brutal domínio colonial do Japão por 36 anos, sendo libertada somente em 1945, com a derrota dos japoneses na Segunda Guerra mundial. Sob o domínio japonês, os coreanos amarguraram dias terríveis. Nos primeiros anos a repressão foi tremenda. Em 1912, por exemplo, mais de 50 mil pessoas foram presas – chegando à impressionante cifra de 140 mil em 1918 [1]. Jornais foram fechados, reuniões políticas e reuniões públicas foram proibidas. Em 1919, quando houve a primeira grande marcha contra o domínio japonês, cerca de 7,5 mil pessoas foram mortas e 40 mil presas [2].
Um dos aspectos mais doentios da época era o sistema de “mulheres de conforto” (comfort women); um sistema de tráfico e exploração sexual de mulheres desenvolvido em todas as colônias japonesas entre 1932 e 1945, com o objetivo de “manter alta a moral” dos soldados japoneses. Para se ter ideia da brutalidade dos crimes contra essas mulheres – que incluíam estupros, espancamentos, torturas e mutilações diárias – há um dado relevante: estima-se que 40% delas tenham se suicidado durante a escravização.
Em 1945, os soviéticos, ao norte, e os norte-americanos, ao sul, puseram fim ao domínio japonês. Assim traçou-se a linha do paralelo 38, que até hoje divide o norte do sul.
Guerra
Em 1950, a Península Coreana é mais uma vez alvo da tragédia. Apesar da historiografia sul-coreana e estado-unidense responsabilizaram os norte-coreanos pela guerra (enquanto a Coreia do Norte responsabiliza os sul-coreanos e os norte-americanos), não se sabe ao certo quem iniciou as provocações que levariam à Guerra da Coreia, já que desde 1948 haviam combates entre forças sul-coreanas e norte-coreanas no paralelo 38.
Em 1950, tropas norte-coreanas cruzam o paralelo, e começa a guerra da Coreia, que levaria à morte de cerca de 1,6 milhão de civis norte-coreanos (cerca de 18% da população do país à época) e 400 mil civis sul-coreanos (cerca de 2% da população do país).
A princípio, a Coreia do Norte contava com superioridade militar e em pouco tempo havia conquistado a maior parte da península. Com o apoio dos EUA a partir de 1 de outubro, no entanto, a Coreia do Sul retomou seu território, avançando sobre o território norte-coreano (o que violava o mandado da ONU que havia autorizado a assistência militar de 17 países liderados pelos EUA à Coreia do Sul) e empurrando as forças norte-coreanos para o extremo norte do país em menos de um mês. No final de outubro, a China envia tropas em solidariedade à Coreia do Norte, e, no dia 26, é lançada uma ofensiva, que retomaria a parte norte do país em cerca de um mês, fazendo as tropas sul-coreanas retrocederem até o paralelo 38.
Em resposta, as forças das Nações Unidas, lideradas pelos EUA, lançaram a Operation Killer (em tradução literal, Operação Assassino); uma operação de terra arrasada com napalm e fósforo branco. É a partir desse momento que os EUA passam a considerar o uso de ogivas nucleares contra a Coreia do Norte e os guerrilheiros chineses.
Guerra nuclear
O general norte-americano Douglas MacArthur chegou a pedir 34 bombas atômicas após o avanço dos chineses. A ideia, nas palavras do próprio general, era “jogar entre 30 e 50 bombas atômicas” na região da Manchúria, e “criar um cinturão de cobalto radioativo” que de acordo com ele “tem uma vida ativa de 60 a 120 anos. Ao menos por 60 anos não haveria invasões da Coreia pelo Norte.”
Em 30 de novembro, durante uma coletiva de imprensa, o então presidente dos EUA, Harry Truman, disse que “sempre houve consideração” sobre uso de bombas atômicas contra a Coreia do Norte. Quando perguntado por um jornalista se o uso dessas bombas dependeria da autorização da ONU, o presidente disse que “não, não significa isso de forma alguma. A ação contra a China comunista depende da ação das Nações Unidas. O comandante militar no campo [de batalha] terá a responsabilidade pelo uso das armas, como ele sempre teve.”
Desenvolvimento nuclear e desnuclearização
Apesar de durante toda a guerra da Coreia (1950-1953) a RPDC ter sido alvo de ameaças nucleares, o país só começou a construir suas primeiras armas nucleares no final da década de 70, depois da Coreia do Sul começar o desenvolvimento de seu programa nuclear (a Coreia do Sul já contava com armas nucleares norte-americanas, que só foram retiradas do país em 1991).
Em 1992, as duas Coreias assinaram a Declaração Mútua de Comprometimento para uma Coreia Livre de Armas Nucleares, mas o acordo acabou colapsando porque a RPDC se negava a concordar com as inspeções mútuas, a não ser que pudesse também inspecionar as bases norte-americanas no Sul (o que foi negado).
Pouco tempo depois, a RPDC passou a ameaçar sair do Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares, mas logo o país concordou, após conversas com o presidente Bill Clinton, em cancelar sua saída em troca da suspensão dos treinamentos militares “Team Spirit” na região. Em 1994, o governo norte-coreano convidou o ex-presidente americano Jimmy Carter para uma visita ao país, o que levou a um acordo entre a RPDC e os EUA, que definia que a Coreia do Norte iria imediatamente paralisar seu desenvolvimento nuclear e desmantelar todas as instalações nucleares no país até 2003, além de continuar no Tratado de Não-Proliferação e permitir inspeções da Agência Internacional de Energia Atômica. Em troca, os EUA, e principalmente a Coreia do Sul e o Japão, iriam ajudar o país nas suas necessidades energéticas, construindo dois reatores de água até 2003 e, até lá, fornecendo 500 mil toneladas de petróleo cru para o país.
No entanto, o acordo fracassou depois de a Coreia do Sul e o Japão não fornecerem o que haviam prometido – o que também não foi fornecido pelos EUA.
A partir dos anos 90, com o fim da União Soviética e a morte do líder Kim Il-Sung, houve uma mudança na política internacional da Coreia do Norte, que até então se beneficiava da disputa entre China e URSS. É nesse contexto que nasce a política Songun, que basicamente coloca o exército e a defesa como prioridade – algo compreensível para um país que perdeu quase 1/5 de sua população civil durante a Guerra da Coreia, que foi ameaçado repetidamente com armas nucleares e que lutou por décadas contra um sistema colonial altamente repressivo.
Como aponta o cientista político sul-coreano-americano Lee Jae-Bong, “A Coreia do Norte busca, por meio do desenvolvimento de armas nucleares, assegurar o reconhecimento internacional, a ajuda econômica e a segurança nacional. Portanto, para a desnuclearização da Península Coreana, [é necessário] que se dê garantias para a Coreia do Norte desmantelar suas bombas nucleares sem se sentir insegura. Adicionalmente, é irreal pedir que a Coreia do Norte unilateralmente desmantele suas armas nucleares sem um avanço nas relações com os EUA, [sem] a preparação para uma saída das forças norte-americanas da Coreia do Sul, a eliminação do guarda-chuva nuclear americano na Coreia do Sul e a abolição da aliança entre Coreia do Sul e Estados Unidos”.
As campanhas difamatórias contra o país, cujo governo é apontado como insano, no entanto, só contribuem para a elevação da tensão e do tom belicista na região. Enquanto a Coreia do Norte tem, de acordo com o Instituto Internacional de Pesquisa da Paz de Estocolmo, “cerca de oito armas nucleares rudimentares”, os EUA tem um arsenal de mais de 4700 ogivas. Enquanto os 7,5 bilhões gastos anualmente em defesa e questões militares pela Coreia do Norte são vistos pelo mundo como uma política “autodestrutiva”, fruto da “imprudência maníaca” de seus líderes, a Coreia do Sul gasta 4,5 vezes mais (33,5 bi), e os Estados Unidos gastam quase 80 vezes mais (598 bilhões). Quantos países a Coreia do Norte invadiu nestas últimas sete décadas? Quantos ameaçou bombardear ou bombardeou com armas nucleares? E os Estados Unidos?
Como bem disse o governo norte-coreano em janeiro, quando levou a cabo um teste de sua primeira bomba nuclear de hidrogênio, “não há nada mais tolo do que jogar fora uma faca de caça frente a hordas de lobos ferozes”.
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[1] Ki-baik Lee; A new history of Korea.
[2] Park Eunsik, The Bloody History of the Korean Independence Movement.
Escrevi há algum meses que o território norte-coreano deveria constituir uma espécie de Triângulo das Bermudas; ao invés de desaparecer com aviões e embarcações, no entanto, revela a hipocrisia dos líderes de todo mundo a cada ação tomada pelo seu governo.
Pois bem; o estranho efeito mais uma vez se repete. O presidente norte-americano Barack Obama, por exemplo, classificou o teste como uma ação “desestabilizadora e provocativa” que serve “para isolar e empobrecer” o povo norte-coreano (enquanto prometia novas sanções contra o país; o que deve empobrecer o povo norte-coreano). O Secretário de Defesa dos EUA, Ashton Carter, disse que o desenvolvimento de armas nucleares norte-coreanas “é responsabilidade da China”, e que são os chineses quem agora devem revertê-lo.
A presidente da Coreia do Sul, Park Geun-Hye, disse que o teste foi um “ato de autodestruição” que expõe a “imprudência maníaca” de Kim Jong-un.
O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, também condenou o teste, dizendo que “em vez de buscar armas nucleares e de tecnologia de mísseis balísticos, a Coreia do Norte deveria promover o bem-estar das pessoas do país.”
Dada a propagação ininterrupta de campanhas de propaganda contra o país, estamos acostumados a ver a Coreia do Norte como um país governado por loucos megalomaníacos que, a qualquer momento, podem converter o planeta em pó. A realidade, no entanto, é muito mais complexa.
Estudar a história do país, da Guerra da Coreia e do desenvolvimento nuclear na região, por exemplo, já basta para entender isso.
Libertação
A Península Coreana viveu sob brutal domínio colonial do Japão por 36 anos, sendo libertada somente em 1945, com a derrota dos japoneses na Segunda Guerra mundial. Sob o domínio japonês, os coreanos amarguraram dias terríveis. Nos primeiros anos a repressão foi tremenda. Em 1912, por exemplo, mais de 50 mil pessoas foram presas – chegando à impressionante cifra de 140 mil em 1918 [1]. Jornais foram fechados, reuniões políticas e reuniões públicas foram proibidas. Em 1919, quando houve a primeira grande marcha contra o domínio japonês, cerca de 7,5 mil pessoas foram mortas e 40 mil presas [2].
Um dos aspectos mais doentios da época era o sistema de “mulheres de conforto” (comfort women); um sistema de tráfico e exploração sexual de mulheres desenvolvido em todas as colônias japonesas entre 1932 e 1945, com o objetivo de “manter alta a moral” dos soldados japoneses. Para se ter ideia da brutalidade dos crimes contra essas mulheres – que incluíam estupros, espancamentos, torturas e mutilações diárias – há um dado relevante: estima-se que 40% delas tenham se suicidado durante a escravização.
Em 1945, os soviéticos, ao norte, e os norte-americanos, ao sul, puseram fim ao domínio japonês. Assim traçou-se a linha do paralelo 38, que até hoje divide o norte do sul.
Guerra
Em 1950, a Península Coreana é mais uma vez alvo da tragédia. Apesar da historiografia sul-coreana e estado-unidense responsabilizaram os norte-coreanos pela guerra (enquanto a Coreia do Norte responsabiliza os sul-coreanos e os norte-americanos), não se sabe ao certo quem iniciou as provocações que levariam à Guerra da Coreia, já que desde 1948 haviam combates entre forças sul-coreanas e norte-coreanas no paralelo 38.
Em 1950, tropas norte-coreanas cruzam o paralelo, e começa a guerra da Coreia, que levaria à morte de cerca de 1,6 milhão de civis norte-coreanos (cerca de 18% da população do país à época) e 400 mil civis sul-coreanos (cerca de 2% da população do país).
A princípio, a Coreia do Norte contava com superioridade militar e em pouco tempo havia conquistado a maior parte da península. Com o apoio dos EUA a partir de 1 de outubro, no entanto, a Coreia do Sul retomou seu território, avançando sobre o território norte-coreano (o que violava o mandado da ONU que havia autorizado a assistência militar de 17 países liderados pelos EUA à Coreia do Sul) e empurrando as forças norte-coreanos para o extremo norte do país em menos de um mês. No final de outubro, a China envia tropas em solidariedade à Coreia do Norte, e, no dia 26, é lançada uma ofensiva, que retomaria a parte norte do país em cerca de um mês, fazendo as tropas sul-coreanas retrocederem até o paralelo 38.
Em resposta, as forças das Nações Unidas, lideradas pelos EUA, lançaram a Operation Killer (em tradução literal, Operação Assassino); uma operação de terra arrasada com napalm e fósforo branco. É a partir desse momento que os EUA passam a considerar o uso de ogivas nucleares contra a Coreia do Norte e os guerrilheiros chineses.
Guerra nuclear
O general norte-americano Douglas MacArthur chegou a pedir 34 bombas atômicas após o avanço dos chineses. A ideia, nas palavras do próprio general, era “jogar entre 30 e 50 bombas atômicas” na região da Manchúria, e “criar um cinturão de cobalto radioativo” que de acordo com ele “tem uma vida ativa de 60 a 120 anos. Ao menos por 60 anos não haveria invasões da Coreia pelo Norte.”
Em 30 de novembro, durante uma coletiva de imprensa, o então presidente dos EUA, Harry Truman, disse que “sempre houve consideração” sobre uso de bombas atômicas contra a Coreia do Norte. Quando perguntado por um jornalista se o uso dessas bombas dependeria da autorização da ONU, o presidente disse que “não, não significa isso de forma alguma. A ação contra a China comunista depende da ação das Nações Unidas. O comandante militar no campo [de batalha] terá a responsabilidade pelo uso das armas, como ele sempre teve.”
Desenvolvimento nuclear e desnuclearização
Apesar de durante toda a guerra da Coreia (1950-1953) a RPDC ter sido alvo de ameaças nucleares, o país só começou a construir suas primeiras armas nucleares no final da década de 70, depois da Coreia do Sul começar o desenvolvimento de seu programa nuclear (a Coreia do Sul já contava com armas nucleares norte-americanas, que só foram retiradas do país em 1991).
Em 1992, as duas Coreias assinaram a Declaração Mútua de Comprometimento para uma Coreia Livre de Armas Nucleares, mas o acordo acabou colapsando porque a RPDC se negava a concordar com as inspeções mútuas, a não ser que pudesse também inspecionar as bases norte-americanas no Sul (o que foi negado).
Pouco tempo depois, a RPDC passou a ameaçar sair do Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares, mas logo o país concordou, após conversas com o presidente Bill Clinton, em cancelar sua saída em troca da suspensão dos treinamentos militares “Team Spirit” na região. Em 1994, o governo norte-coreano convidou o ex-presidente americano Jimmy Carter para uma visita ao país, o que levou a um acordo entre a RPDC e os EUA, que definia que a Coreia do Norte iria imediatamente paralisar seu desenvolvimento nuclear e desmantelar todas as instalações nucleares no país até 2003, além de continuar no Tratado de Não-Proliferação e permitir inspeções da Agência Internacional de Energia Atômica. Em troca, os EUA, e principalmente a Coreia do Sul e o Japão, iriam ajudar o país nas suas necessidades energéticas, construindo dois reatores de água até 2003 e, até lá, fornecendo 500 mil toneladas de petróleo cru para o país.
No entanto, o acordo fracassou depois de a Coreia do Sul e o Japão não fornecerem o que haviam prometido – o que também não foi fornecido pelos EUA.
A partir dos anos 90, com o fim da União Soviética e a morte do líder Kim Il-Sung, houve uma mudança na política internacional da Coreia do Norte, que até então se beneficiava da disputa entre China e URSS. É nesse contexto que nasce a política Songun, que basicamente coloca o exército e a defesa como prioridade – algo compreensível para um país que perdeu quase 1/5 de sua população civil durante a Guerra da Coreia, que foi ameaçado repetidamente com armas nucleares e que lutou por décadas contra um sistema colonial altamente repressivo.
Como aponta o cientista político sul-coreano-americano Lee Jae-Bong, “A Coreia do Norte busca, por meio do desenvolvimento de armas nucleares, assegurar o reconhecimento internacional, a ajuda econômica e a segurança nacional. Portanto, para a desnuclearização da Península Coreana, [é necessário] que se dê garantias para a Coreia do Norte desmantelar suas bombas nucleares sem se sentir insegura. Adicionalmente, é irreal pedir que a Coreia do Norte unilateralmente desmantele suas armas nucleares sem um avanço nas relações com os EUA, [sem] a preparação para uma saída das forças norte-americanas da Coreia do Sul, a eliminação do guarda-chuva nuclear americano na Coreia do Sul e a abolição da aliança entre Coreia do Sul e Estados Unidos”.
As campanhas difamatórias contra o país, cujo governo é apontado como insano, no entanto, só contribuem para a elevação da tensão e do tom belicista na região. Enquanto a Coreia do Norte tem, de acordo com o Instituto Internacional de Pesquisa da Paz de Estocolmo, “cerca de oito armas nucleares rudimentares”, os EUA tem um arsenal de mais de 4700 ogivas. Enquanto os 7,5 bilhões gastos anualmente em defesa e questões militares pela Coreia do Norte são vistos pelo mundo como uma política “autodestrutiva”, fruto da “imprudência maníaca” de seus líderes, a Coreia do Sul gasta 4,5 vezes mais (33,5 bi), e os Estados Unidos gastam quase 80 vezes mais (598 bilhões). Quantos países a Coreia do Norte invadiu nestas últimas sete décadas? Quantos ameaçou bombardear ou bombardeou com armas nucleares? E os Estados Unidos?
Como bem disse o governo norte-coreano em janeiro, quando levou a cabo um teste de sua primeira bomba nuclear de hidrogênio, “não há nada mais tolo do que jogar fora uma faca de caça frente a hordas de lobos ferozes”.
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[1] Ki-baik Lee; A new history of Korea.
[2] Park Eunsik, The Bloody History of the Korean Independence Movement.