quarta-feira, 25 de abril de 2012

Entre a Jovem Guarda e a Guarda de Ferro: Caetano flerta com o fascismo


O leitor Lúcio Jr. enviou ao Blog Solidariedade a Coreia Popular interessante artigo onde ele rebate os comentários proferidos por Caetano Veloso em entrevista recente para a Folha de São Paulo.

                                                                       
                                                                        Codreanu 

Na matéria da capa do caderno Ilustríssima da semana passada, a Folha reinventa o debate entre Caetano Veloso e Schwarz, que supostamente seria o debate dos anos 60 entre o projeto nacional-popular do PCB e a tropicália.

A propósito do lançamento do livro Martinha X Lucrécia, de Roberto Schwarz, Caetano requenta não o debate em si com Roberto Schwarz, que só ocorreu via imprensa quinze anos atrás (e não anos anos 60), mas suas críticas à esquerda socialista, visando atingir o PT.  A propósito de rebater as críticas ao livro de Schwarz, passa a fazer divagações e ataques sobre vários assuntos, inclusive sobre a Coreia do Norte, a respeito de quem Schwarz e Marilena Chauí deveriam falar, no entender dele. No entanto, há muito Marilena Chauí e Schwarz aderiram a uma versão banguela e inofensiva de esquerda universitária que não se importa com as revoluções socialistas. A Folha poderia fazer um debate onde eles falariam sobre isso e você, Caetano, debateria o livro do biógrafo de Torquato que diz que ele se matou por amor a você, que tal? Aliás, não me parece que Caetano tenha realmente lido o ensaio de Schwarz sobre ele, tal a quantidade de digressões que compõem a entrevista. Fala-se que o maoísmo é “um pensamento de um livro só”. É como se alguém dissesse que eu não confio na tropicália porque é um sambinha de uma nota só!
         
Ao ser indagado se aproximou-se do pensamento de direita, Caetano afirma que lê com prazer Roberto Campos e Olavo de Carvalho (!). Noutro ponto da entrevista, diz que Marilena Chauí e Schwarz nunca falam nada sobre as “paradas fascistas” na Coreia do Norte. Ora, ora, alguém que gosta de Olavo de Carvalho e chama a Coreia do Norte de fascismo é quem, na verdade, flerta com o fascismo. Quer saber o que acontece na Coreia, Caetano? Leia o blog solidaridade com a Coreia Popular. Mas já te adianto: o que acontece é que lá tem um povo lutando por sua independência e por um sistema social e político humano, ao contrário daqui, infelizmente. Já o que acontece aqui em Minas é grave, Caetano, porque o Anastasia, governador fantoche do Aécio que você quer ver presidente, manda bater em nós professores, quando fazemos greve. Isso sim é algo poderia acontecer no fascismo, pois na “fascistália”, por exemplo, fazer greve era crime e os direitos dos intelectuais e judeus eram pisoteados.
E ele comenta que se dizer antistalinista era o “must” dos amigos intelectuais com quem ele discutia no seu tempo de moço. Nesse tempo havia os maoístas para desdizer isso, havia quem aproximasse Jovem Guarda e Guarda Vermelha, mas só agora começamos a descobrir pesquisas históricas que comprovam que quase tudo que escreviam sobre Stálin é mentira, inclusive o famoso relatório Kruschev. Mentira, igualmente, é essa história de que Lula entregou os dois boxeadores que pediram asilo político ao Brasil de volta para Cuba. Eles é que quiseram voltar, tinham se perdido para delegação, pois foram vítimas de um golpe, uma falsa promessa para irem lutar na Europa. Aliás, Fidel foi um melhores críticos de Verdade Tropical ao dizer que nesse livro ele pede desculpas ao imperialismo. Quando Caetano vê Terra em Transe e vê boas perspectivas dali por diante, ele apenas entrega o que Gilberto Vasconcellos observou: FHC e Caetano Veloso foram beneficiados com o golpe de 64, uma vez que o golpe arrebentou com seus rivais: a esquerda nacionalista do ISEB, o crítico José Ramos Tinhorão, o CPC da UNE, a bossa nova nacionalista, todos que, a partir dali, em poucos anos seriam varridos, primeiro pela ditadura militar, depois pela indústria cultural, que automatizou os procedimentos da primeira.

Pode-se supor que Roberto Schwarz pouco mais fez do que cozinhar as críticas de Fidel Castro, Gilberto Vasconcellos e outros e servir numa sopinha acadêmica aguada.
         
Mas, ao propagandear um governador cujo herdeiro manda bater em professores, se babar por Olavo de Carvalho e Roberto Campos, fazer apologia do antistalinismo, é Caetano quem parece andar flertando com o fascismo. Da Jovem Guarda à Guarda de Ferro! De Caetano a...Codreanu.